Se você tem acompanhado o mercado automotivo nos últimos meses, provavelmente já ouviu falar do Volkswagen Tera. Eu, que sempre fico de olho nas novidades dos carros, confesso que fiquei impressionado ao ver como esse SUV brasileiro conquistou o público tão rapidamente. Mas, como tudo na vida, há um lado positivo e outro que ainda deixa a gente com um pé atrás: a eletrificação dos veículos.
Um sucesso inesperado
O Tera foi apresentado pela primeira vez em setembro de 2024, como um teaser no Rock in Rio. A estratégia foi clara: gerar curiosidade, criar expectativa e, quando o carro fosse oficialmente lançado, transformar essa expectativa em vendas. E funcionou. Em menos de uma hora, a Volkswagen recebeu 12.200 pedidos, atingindo o limite de produção da fábrica de Taubaté, em São Paulo.
Até agora, são 60 mil unidades vendidas – contando o mercado interno e as exportações para países vizinhos. Esse número coloca o Tera entre os SUVs mais emplacados do país, algo que a própria Volkswagen celebra como um dos principais motivos do crescimento de 18% nas vendas da marca na América Latina.
Por que o brasileiro ama SUVs?
Desde 2020, a preferência dos consumidores por utilitários esportivos só aumenta. Hoje, os SUVs representam 54% dos veículos novos vendidos no Brasil, enquanto os hatches ficam em 24,6%. Essa mudança de comportamento tem raízes em questões práticas – espaço, segurança e a sensação de estar mais “elevado” na estrada – e também em uma questão de status.
- Mais espaço para a família e bagagens.
- Visibilidade maior, o que traz sensação de segurança.
- Imagem de modernidade e robustez.
Mas isso não significa que o hatch esteja morto. O presidente da Volkswagen, Ciro Possobom, reforça que ainda há espaço para esses modelos, especialmente em cidades menores ou para quem busca um carro mais econômico.
O que a Volkswagen está investindo?
Além do Tera, a montadora anunciou R$ 20 bilhões de investimentos para a América Latina. Grande parte desse capital será usado para ampliar a produção nacional, melhorar a eficiência das fábricas e, claro, avançar na eletrificação dos veículos.
Um ponto importante: a Volkswagen ainda não tem nenhum modelo híbrido ou elétrico produzido no Brasil. Enquanto concorrentes como Toyota (com seu híbrido flex) e várias marcas chinesas já oferecem opções eletrificadas, a Volks espera até 2026 para lançar seu primeiro carro com essa tecnologia.
Eletrificação: o grande desafio
O caminho da eletrificação não é simples. Possobom explica que colocar um motor híbrido ou elétrico num carro com preço médio de R$ 120 mil pode elevar o custo em até R$ 40 mil. Essa diferença de preço pode afastar uma parte significativa dos consumidores, que ainda não estão dispostos a pagar mais por tecnologia que consideram “luxo”.
Para contornar esse obstáculo, a Volkswagen está apostando em híbridos leves (HEV) e plug‑in hybrids, que oferecem um consumo mais baixo sem exigir uma mudança drástica de preço. A ideia é adaptar a tecnologia ao perfil brasileiro, que costuma rodar entre 13 mil e 15 mil km por ano e costuma manter o carro por muitos anos.
Além disso, a montadora garantiu um empréstimo de R$ 2,3 bilhões junto ao BNDES para acelerar a produção de veículos eletrificados a partir de 2026. A promessa é que todos os lançamentos desse ano tenham ao menos uma versão eletrificada.
Como isso afeta o seu bolso?
Se você está pensando em comprar um carro nos próximos anos, vale a pena considerar alguns pontos:
- Preço vs. tecnologia: Um híbrido pode custar mais, mas reduz o consumo de combustível e pode ter incentivos fiscais.
- Valorização residual: Carros com tecnologia mais avançada tendem a manter o valor de revenda por mais tempo.
- Infraestrutura: Ainda há poucos pontos de recarga para veículos 100% elétricos, mas isso deve melhorar nos próximos anos.
Em resumo, se você tem um orçamento apertado, talvez ainda seja melhor optar por um SUV tradicional como o Tera, que combina preço competitivo (cerca de R$ 120 mil) com boa aceitação no mercado.
O futuro do mercado automotivo no Brasil
Segundo a Fenabrave, o Brasil deve encerrar 2025 com 2,55 milhões de veículos novos, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. Embora esse número seja positivo, ainda está abaixo das expectativas iniciais (2,6 milhões). Possobom aponta três fatores que poderiam impulsionar o mercado:
- Juros mais baixos: A taxa Selic está em 15%, mas projeções indicam queda para cerca de 12% em 2026.
- Aumento da produção nacional: Mais unidades produzidas localmente reduzem custos e aumentam a competitividade.
- Regulamentação mais flexível: Leis como o PL 8, que impõem padrões de emissão mais rigorosos, aumentam o custo de produção.
Esses pontos são cruciais não só para a Volkswagen, mas para toda a indústria. Se a taxa de juros cair e a produção nacional subir, os preços dos carros podem ficar mais acessíveis, estimulando ainda mais as vendas.
Volkswagen e o Salão do Automóvel
O Salão do Automóvel de São Paulo voltou em 2025 após sete anos de hiato, mas marcas importantes como Volkswagen, Chevrolet e Ford decidiram ficar de fora. Possobom explicou que a estratégia de marketing da empresa já está bem avançada, com ativações ao longo do ano, e que a participação no salão só será reconsiderada se o evento se tornar mais “forte” – ou seja, com maior presença de marcas e um formato mais inovador.
Ele ainda sugeriu que o modelo tradicional de salão, com estandes fechados, pode não ser o que o público deseja. Eventos ao ar livre, experiências interativas e test‑drives em locais públicos são tendências que a Volkswagen tem observado na Europa.
Conclusão: o que devemos esperar?
O Tera mostrou que a Volkswagen tem capacidade de criar um carro que realmente ressoa com o brasileiro. Ao mesmo tempo, a empresa ainda tem um caminho a percorrer na eletrificação, equilibrando preço, tecnologia e a necessidade de atender a um público que ainda valoriza o custo‑benefício acima de tudo.
Para quem está pensando em trocar de carro, a dica é ficar de olho nas próximas versões híbridas da Volkswagen a partir de 2026. Elas podem representar o melhor dos dois mundos: a familiaridade de um SUV nacional com a economia e a sustentabilidade de um motor mais limpo.
E você, já testou o Tera? O que acha da estratégia da Volkswagen em relação à eletrificação? Deixe sua opinião nos comentários – adoro trocar ideias sobre o futuro dos nossos carros!




