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Ventania que parou o céu: como os fortes ventos afetaram voos em todo o Brasil

Ventania que parou o céu: como os fortes ventos afetaram voos em todo o Brasil

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Na manhã de quarta‑feira (10) eu acordei com o som dos ventiladores de teto girando mais rápido que o normal. Quando olhei a previsão, a palavra que mais se repetia era “ventania”. Não é todo dia que o vento chega a 98 km/h na Grande São Paulo, mas foi exatamente isso que aconteceu, e o efeito dominó foi sentindo em quase todo o país.

O que aconteceu de verdade?

Um ciclone extratropical se formou no Sul do Brasil e, como a Defesa Civil explicou, trouxe rajadas de até 98 km/h para São Paulo e Santa Catarina. O resultado? O Aeroporto Internacional de Guarulhos e o Congonhas cancelaram, juntos, 344 voos entre a noite de quarta e a manhã de quinta (11). Só na quinta‑feira, 100 desses cancelamentos já estavam confirmados.

Como a tempestade se espalhou pelos aeroportos

O que pareceu um problema local acabou virando uma novela nacional. Veja como a ventania chegou a cada canto do mapa:

  • Rio de Janeiro (RJ): Galeão e Santos Dumont tiveram atrasos e cancelamentos, principalmente nos voos que tinham São Paulo como origem ou destino.
  • Goiânia (GO): O Santa Genoveva registrou oito voos cancelados (quatro partidas e quatro chegadas) por causa da situação em Guarulhos e Congonhas.
  • Curitiba (PR): No Afonso Pena, pelo menos sete voos foram cancelados e dois tiveram atraso.
  • Vitória (ES): Doze voos foram cancelados nas últimas 24 horas; quatro deles na quinta‑feira.
  • Natal (RN): Quatorze voos atrasados, principalmente da Latam, Gol e Azul.
  • Brasília (DF): Até 18h, 37 voos cancelados e 12 atrasados.
  • Porto Alegre (RS): Quinze voos cancelados no Salgado Filho, gerando longas filas.
  • E ainda chegamos a cidades como Maceió (AL), Salvador (BA), Recife (PE), Teresina (PI), Rio Branco (AC), Aracaju (SE) e Porto Velho (RO), onde alguns voos foram cancelados ou sofreram atrasos.

Por que os ventos afetam tanto a aviação?

Não é só a força do vento que preocupa. Quando a velocidade ultrapassa os 80 km/h, as pistas ficam escorregadias, as decolagens podem ficar instáveis e, sobretudo, os controladores de tráfego aéreo precisam garantir que as aeronaves mantenham segurança em todas as fases do voo. O risco de turbulência severa, especialmente nas fases de pouso e decolagem, aumenta drasticamente.

O que isso significa para quem viaja?

Se você tem um voo marcado para São Paulo, Guarulhos ou Congonhas, prepare‑se para duas possibilidades:

  1. Cancelamento: A companhia aérea deve oferecer reacomodação em outro voo, reembolso integral ou, se preferir, um crédito para a próxima viagem.
  2. Atraso: Verifique o horário atualizado no site da companhia ou no painel de voos do aeroporto. Muitas vezes, o embarque é adiado em poucas horas, mas pode chegar a um dia inteiro.

Um detalhe que costuma ser esquecido: os direitos do passageiro não desaparecem porque o problema foi “climático”. O Código de Defesa do Consumidor e a Resolução 400 da ANAC garantem assistência (alimentação, comunicação e, se necessário, hospedagem) quando o atraso ultrapassa quatro horas.

Dicas práticas para quem está no meio da tempestade

  • Cheque o voo com frequência: Use os apps das companhias ou o site da Aena para atualizações em tempo real.
  • Tenha um plano B: Se o voo for essencial, considere alternativas como ônibus ou carro. Por exemplo, quem saiu de São José do Rio Preto acabou pegando um ônibus de seis horas para São Paulo.
  • Guarde os comprovantes: Receitas de alimentação, transporte e hospedagem são úteis caso precise acionar a companhia aérea.
  • Fique atento aos direitos: Se o atraso for superior a quatro horas, exija assistência. Se o voo for cancelado, peça reacomodação ou reembolso.

Um olhar para o futuro

Eventos climáticos extremos estão se tornando mais frequentes, e a aviação precisa se adaptar. Algumas das discussões que já rolam nos bastidores incluem:

  • Investimento em tecnologia de previsão: Sensores mais precisos podem avisar com antecedência maior, permitindo que companhias ajustem suas programações.
  • Infraestrutura resistente: Pistas com drenagem melhor e sistemas de iluminação que funcionem mesmo com ventos fortes.
  • Protocolos de comunicação: Aplicativos que enviam alertas personalizados para passageiros, reduzindo a ansiedade e o tempo de espera.

Enquanto isso, nós, viajantes, continuamos a depender de informações claras e de um bom planejamento. A ventania pode ter atrapalhado a agenda de milhares, mas também nos lembrou que, às vezes, a única coisa que podemos controlar é a nossa preparação.

Conclusão

Se você ainda não sentiu o impacto da ventania nos aeroportos, provavelmente está planejando uma viagem para as próximas semanas. Meu conselho? Verifique o clima, mantenha os documentos de viagem à mão e, sobretudo, lembre‑se de que a segurança vem antes de tudo. Quando o vento soprar forte novamente, estaremos mais preparados – e, quem sabe, até com uma história curiosa para contar.