Na última terça‑feira, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, soltou a bomba: Donald Trump deve anunciar o novo presidente do Federal Reserve (Fed) já no início de janeiro. O assunto está quente porque o mandato de Jerome Powell termina em maio, e a escolha do sucessor pode mudar o rumo da política monetária americana – e, por consequência, impactar a economia mundial, inclusive a nossa aqui no Brasil.
Por que a escolha do presidente do Fed importa tanto?
O Fed controla a taxa de juros básica dos EUA, a chamada “Federal Funds Rate”. Quando o Fed aumenta os juros, o crédito fica mais caro, o consumo desacelera e a inflação tende a cair. Quando corta juros, o oposto acontece: crédito mais barato, mais consumo, crescimento mais rápido, mas risco de alta inflacionária.
Essa balança afeta tudo: o preço dos produtos importados, o custo dos empréstimos no Brasil, o valor do dólar e até a rentabilidade dos nossos investimentos em renda fixa e ações. Por isso, a decisão de quem vai comandar o Fed não é só um assunto de corredores de Wall Street – é algo que chega até a conta de luz, o financiamento do carro e a taxa de câmbio que usamos nas compras online.
Quem são os nomes que estão na disputa?
Bessent citou dois nomes que ele considera “muito qualificados”: Kevin Warsh e Kevin Hassett. Mas o leque de candidatos é maior, e vale a pena entender o perfil de cada um para perceber o que pode mudar nas políticas do Fed.
- Kevin Hassett – Conselheiro econômico da Casa Branca e aliado próximo de Trump. Defende cortes de juros mais agressivos e já criticou Powell por não ter sido rápido o suficiente nas reduções.
- Christopher Waller – Governador do Fed, economista de formação. É visto como um moderado que apoia cortes quando necessário, mas preza pela independência institucional.
- Michelle Bowman – Vice‑presidente do Fed para Supervisão. Tem experiência em bancos e costuma defender a redução de regras para grandes instituições financeiras.
- Kevin Warsh – Ex‑governador do Fed que esteve à frente durante a crise de 2008. Hoje critica a postura atual do Fed e pede mais eficiência e cortes de juros.
- Rick Rieder – Executivo da BlackRock, especialista em renda fixa. Propõe que o Fed seja mais “inovador” e defenda cortes maiores para estimular a economia.
Esses cinco nomes trazem visões diferentes sobre a relação entre crescimento econômico e inflação – um ponto central da discussão que Bessent destacou.
O que o secretário Bessent disse sobre a relação entre crescimento e inflação?
Em entrevista à Fox Business Network, Bessent reforçou que a ideia tradicional do Fed – de que “crescimento gera inflação” – está ultrapassada. Para ele, o que realmente cria inflação é o desequilíbrio entre oferta e demanda. Se a produção acompanha a demanda, a economia pode crescer sem pressionar os preços.
Essa visão abre espaço para políticas mais expansionistas: cortes de juros mais profundos, estímulos ao crédito e, quem sabe, até medidas que favoreçam investimentos em infraestrutura. Mas também levanta a preocupação de que, se o crescimento for impulsionado por um excesso de demanda, a inflação pode voltar a subir.
Como a escolha do presidente do Fed pode afetar o Brasil?
Vamos trazer a conversa para o nosso dia a dia. Imagine que o novo presidente do Fed decida cortar juros de forma agressiva, como alguns dos candidatos defendem. O que acontece?
- Dólar mais barato – Reduções de juros tendem a desvalorizar a moeda americana. Um dólar mais fraco significa que produtos importados (como eletrônicos e roupas) ficam mais caros aqui.
- Taxas de juros no Brasil sob pressão – O Banco Central brasileiro costuma observar o cenário internacional para ajustar a Selic. Se o Fed baixar juros, pode haver pressão para que o BC também reduza, o que impacta a rentabilidade da poupança e dos títulos públicos.
- Investimentos – Muitos investidores brasileiros têm parte da carteira em ativos atrelados ao dólar (ETF’s, ações de empresas exportadoras, etc.). Mudanças nas taxas americanas alteram o retorno desses investimentos.
- Inflação importada – Um dólar mais alto eleva o preço de produtos importados, o que pode refletir na inflação medida pelo IBGE.
Em resumo, a decisão do Fed reverbera aqui de várias formas, e ficar de olho no próximo presidente do Fed pode ajudar a antecipar movimentos econômicos e ajustar sua estratégia financeira.
O que esperar de janeiro?
Se Trump anunciar o nome em janeiro, a primeira coisa que o mercado fará será analisar o histórico do escolhido. Se for alguém como Kevin Warsh, que já foi crítico ao Fed, podemos esperar um discurso mais agressivo de corte de juros. Se for Christopher Waller, a tendência será de continuidade, mantendo a independência institucional.
Além disso, Bessent já deixou claro que o novo presidente precisará ter “mente aberta”. Isso pode significar uma revisão da política de metas de inflação, que atualmente está em 2 % ao ano. Uma mudança nessa meta teria impactos profundos no planejamento de empresas e na confiança dos investidores.
Como se preparar?
Mesmo que você não seja economista, dá para adotar algumas atitudes simples para proteger seu bolso:
- Revisite sua carteira de investimentos – Avalie a exposição ao dólar e a ativos sensíveis a variações de juros.
- Fique de olho na taxa de câmbio – Se o dólar começar a subir, pode ser hora de travar contratos de compra ou buscar alternativas locais.
- Planeje seus financiamentos – Em períodos de corte de juros nos EUA, o crédito costuma ficar mais barato no Brasil, mas a inflação pode subir. Avalie se vale a pena antecipar pagamentos ou renegociar dívidas.
- Atualize seu orçamento – Considere possíveis aumentos de preços de produtos importados e ajuste suas despesas.
Essas são medidas práticas que ajudam a reduzir a vulnerabilidade a choques externos.
Conclusão
O anúncio do próximo presidente do Fed será um dos eventos econômicos mais observados do início de 2025. Não é só uma questão de quem vai sentar na cadeira de 30 pés de madeira em Washington; é sobre a direção que a maior economia do mundo vai tomar nos próximos anos.
Para nós, brasileiros, isso se traduz em flutuações no dólar, mudanças nas taxas de juros domésticas e, claro, impactos no nosso poder de compra. Por isso, vale a pena acompanhar de perto as notícias, entender o perfil dos candidatos e, principalmente, ajustar suas finanças pessoais de forma estratégica.
E você, já tem uma estratégia para lidar com possíveis mudanças na política monetária americana? Compartilhe nos comentários, vamos trocar ideias!




