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Por que o dólar subiu para R$ 5,46? Entenda a Superquarta, o IPCA e o cenário político

Por que o dólar subiu para R$ 5,46? Entenda a Superquarta, o IPCA e o cenário político

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O que aconteceu nesta quarta?

Na manhã de 10 de dezembro, o dólar fechou em alta de 0,62%, cotado a R$ 5,4686. Ao mesmo tempo, o Ibovespa deu um salto de 0,69%, terminando em 159.075 pontos. Parece contraditório, né? Mas, quando a gente olha por trás dos números, tudo começa a fazer sentido.

O papel do Fed nos EUA

O Federal Reserve (Fed) reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 3,50% a 3,75% ao ano – o menor nível desde setembro de 2022. Essa decisão já era esperada pelos analistas, mas o que realmente pegou o mercado foi a projeção para 2026: o Fed indicou apenas um corte adicional nos juros, bem abaixo das expectativas de dois ou mais cortes. Essa “decepção” fez o dólar recuar um pouco, mas ainda assim ele ficou mais caro em reais.

Superquarta no Brasil: a Selic em jogo

Enquanto os investidores aguardavam a decisão do Fed, o foco também estava na chamada Superquarta do Copom. O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou que a taxa Selic permanecerá em 15% ao ano. A manutenção da taxa alta gera dúvidas sobre quando o ciclo de cortes começará – se em janeiro ou só em março de 2025. Essa incerteza pressiona o real e, consequentemente, eleva o dólar.

Inflação brasileira: o IPCA de novembro

O IBGE divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,18% em novembro, acumulando 4,46% nos últimos 12 meses. Embora a alta tenha sido ligeira, ela ficou abaixo da projeção de 0,20% para o mês e de 4,5% no acumulado anual. O resultado reforça a tendência de desinflação, mas ainda está dentro do teto de 4,5% da meta do Banco Central.

  • Serviços: alta de 0,60%, abaixo dos 0,63% esperados.
  • Alimentação no domicílio: deflação de 0,20%.
  • Energia e alimentos: excluídos do núcleo, que segue moderado.

Especialistas como Mariana Rodrigues (SulAmérica Investimentos) e Lucas Barbosa (AZ Quest) apontam que o cenário de inflação está se estabilizando, o que pode dar mais confiança ao Banco Central para começar a cortar a Selic ainda em 2025.

Política à vista: Flávio Bolsonaro no radar

Além dos números econômicos, a política também entrou em cena. A Câmara aprovou o texto-base de um projeto que reduz a pena do ex‑presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos por tentativa de golpe. Essa medida reacende especulações sobre as eleições de 2026 e, principalmente, sobre a possível pré‑candidatura do senador Flávio Bolsonaro à Presidência.

Analistas temem que a entrada de Flávio na corrida possa fragmentar o centro‑direita, beneficiando a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Esse clima político influencia o humor dos investidores, que agora avaliam como as possíveis mudanças no governo podem afetar as contas públicas e, por consequência, o Ibovespa e o câmbio.

Como esses fatores se traduzem no seu bolso?

Se você tem dinheiro guardado em reais, faz compras no exterior ou acompanha a bolsa, vale a pena entender como cada peça do quebra‑cabeça afeta a sua vida:

  • Dólar mais caro: produtos importados, viagens e até a conta de luz podem ficar mais caros, já que parte da energia vem de contratos atrelados ao dólar.
  • Ibovespa em alta: indica que as ações brasileiras estão se valorizando. Para quem investe, pode ser um bom momento de rever a carteira e aproveitar oportunidades.
  • Inflação controlada: mantém o poder de compra da família mais estável, reduzindo a necessidade de reajustes salariais exagerados.
  • Incerteza política: pode gerar volatilidade nos mercados. Se você tem investimentos de curto prazo, fique atento às notícias.

Perspectivas para os próximos meses

O que vem pela frente?

  1. Novos cortes do Fed: se a economia americana continuar fraca, o Fed pode acelerar os cortes, o que tende a desvalorizar o dólar.
  2. Decisão do Copom: se o Banco Central decidir cortar a Selic em janeiro ou março, o real pode ganhar força, reduzindo o preço do dólar.
  3. IPCA: se a inflação permanecer dentro da meta, a pressão para cortes de juros aumenta.
  4. Política: a definição da candidatura de Flávio Bolsonaro ainda está em aberto. Qualquer mudança significativa pode gerar novos movimentos de mercado.

Em resumo, a alta do dólar nesta quarta foi resultado de uma combinação de fatores externos (corte de juros nos EUA) e internos (expectativa de Selic estável, inflação controlada e clima político). Para quem acompanha a bolsa ou pensa em viajar, vale a pena ficar de olho nas próximas decisões do Fed e do Copom, além dos desdobramentos políticos.

Dicas práticas para quem quer se proteger

  • Hedging cambial: se você tem pagamentos futuros em dólares, considere contratos de hedge ou cartões de crédito que ofereçam conversão em dólar no dia da compra.
  • Diversificação de investimentos: inclua ativos em diferentes moedas e setores para reduzir o risco de variações bruscas.
  • Planejamento de viagens: compre passagens e reserve hotéis com antecedência quando o dólar estiver em alta.
  • Monitoramento de notícias: siga fontes confiáveis e fique atento aos comunicados do Fed e do Copom.

O cenário econômico está sempre em movimento, mas entender os “porquês” por trás dos números ajuda a tomar decisões mais conscientes. Continue acompanhando, porque a próxima Superquarta pode trazer novas surpresas.