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PIB da Argentina sobe 3,3% no 3º trimestre: o que isso significa para nós, brasileiros?

PIB da Argentina sobe 3,3% no 3º trimestre: o que isso significa para nós, brasileiros?

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Quando a gente lê nas notícias que o Produto Interno Bruto da Argentina cresceu 3,3% no terceiro trimestre, a primeira reação costuma ser “mais um número”. Mas, se a gente parar um pouquinho e olhar com atenção, esse dado abre uma série de questões que podem impactar a nossa vida aqui no Brasil – seja na hora de fazer negócios, seja na forma como entendemos a economia da região.

Entendendo o número

O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) divulgou que o PIB argentino avançou 3,3% em relação ao mesmo período do ano passado. O crescimento ficou um pouco abaixo da expectativa dos analistas, que projetavam 3,5%, mas ainda assim representa uma retomada importante depois da recessão que o país enfrentou no final de 2023.

Por que o crescimento foi menor do que o esperado?

Os analistas apontam que o resultado ficou aquém das projeções principalmente por causa de duas coisas:

  • Incerteza política: As medidas de austeridade do governo de Javier Milei ainda geram dúvidas nos investidores.
  • Pressões inflacionárias: Mesmo com a moeda se estabilizando, o custo de vida ainda pesa no consumo interno.

Esses fatores criam um ambiente de cautela que pode frear investimentos maiores, mesmo que o número geral pareça positivo.

Os motores do crescimento

Apesar da leve decepção, o relatório destaca alguns setores que deram o tom da recuperação:

  • Investimento fixo bruto: O aumento de obras e equipamentos indica confiança dos empresários em expandir a produção.
  • Setor financeiro: Bancos e instituições de crédito registraram resultados positivos, o que facilita crédito para empresas.
  • Mineração e extração: A Argentina tem reservas importantes de minerais, e a alta nos preços internacionais ajudou a impulsionar esse segmento.
  • Hospedagem e alimentação: O turismo interno e a retomada de viagens de negócios contribuíram para esse crescimento.

Esses pontos são relevantes porque mostram onde pode haver oportunidades de negócio para empresas brasileiras que queiram investir ou exportar para a Argentina.

Como isso afeta o Brasil?

Você pode estar se perguntando: “E eu, que moro no Brasil, como me beneficio ou sou impactado por esse número?” A resposta está nos laços econômicos que temos com o nosso vizinho:

  1. Comércio bilateral: A Argentina é um dos principais parceiros comerciais do Brasil na América do Sul. Um crescimento no PIB argentino costuma aumentar a demanda por produtos brasileiros, especialmente alimentos, máquinas agrícolas e veículos.
  2. Investimentos cruzados: Empresas brasileiras que já operam na Argentina (como as do setor de agroindústria) podem ver um ambiente mais favorável para expandir suas operações.
  3. Turismo: Quando a economia argentina melhora, mais argentinos viajam ao Brasil, impulsionando o setor de turismo em destinos como Rio de Janeiro, Florianópolis e Foz do Iguaçu.
  4. Mercado financeiro: A percepção de estabilidade econômica na Argentina pode atrair investidores estrangeiros que, por sua vez, buscam diversificar suas carteiras, incluindo ativos brasileiros.

Em resumo, mesmo que o número pareça distante, ele tem reflexos diretos no nosso dia a dia, principalmente se você trabalha com importação/exportação, turismo ou investimentos.

O papel das eleições de meio de mandato

Outro ponto que o relatório menciona é a vitória do partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas de meio de mandato. Esse resultado indica que, apesar das medidas de austeridade, a população ainda confia na agenda econômica proposta. Para nós, isso traz duas lições:

  • Estabilidade política: Eleições bem-sucedidas podem sinalizar continuidade de políticas, o que reduz a volatilidade para investidores.
  • Expectativas de reformas: Se as reformas estruturais avançarem, a Argentina pode tornar-se um mercado mais atrativo, criando novas oportunidades de negócios para empresas brasileiras.

É importante acompanhar como essas reformas se desenrolam, porque elas podem mudar a competitividade dos setores produtivos da Argentina em relação ao Brasil.

Perspectivas para 2025

O governo de Milei projeta um crescimento de 5,4% para 2025, enquanto o Banco Central, através da Pesquisa de Expectativas de Mercado (REM), estima 4,4%. Mesmo que esses números pareçam ambiciosos, eles mostram um otimismo que pode influenciar decisões de investimento.

Para quem pensa em entrar no mercado argentino, vale ficar de olho em:

  • Políticas de incentivo ao investimento estrangeiro.
  • Reformas fiscais que possam reduzir a carga tributária.
  • Estabilidade cambial – a moeda argentina tem sido volátil, e isso afeta diretamente o custo de importação.

O que eu faço com essa informação?

Se você é empreendedor, pode começar a analisar a cadeia de suprimentos da sua empresa e identificar produtos que têm demanda na Argentina. Se você investe, vale rever a exposição da sua carteira a ativos sul-americanos e considerar fundos que tenham participação em empresas argentinas.

Para quem viaja a trabalho ou lazer, a melhora econômica pode significar tarifas aéreas mais baixas e mais opções de hospedagem. E, claro, se você tem familiares ou amigos na Argentina, pode esperar uma situação econômica um pouco mais tranquila para eles.

Conclusão

O crescimento de 3,3% no PIB argentino no terceiro trimestre não é apenas um número isolado. Ele reflete um cenário de recuperação cautelosa, impulsionado por investimentos e setores estratégicos, mas ainda marcado por desafios políticos e inflacionários. Para nós, brasileiros, isso se traduz em oportunidades – e em alguns riscos – que vale a pena observar de perto.

Fique atento às próximas divulgações do Indec, às decisões do governo de Milei e às análises dos bancos centrais. O que parece hoje um pequeno passo para a Argentina pode se tornar, nos próximos anos, um salto que beneficie toda a região sul-americana, inclusive o nosso bolso.