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O que os números do IBGE de 2024 dizem sobre nascimentos, casamentos, divórcios e mortes na sua cidade

O que os números do IBGE de 2024 dizem sobre nascimentos, casamentos, divórcios e mortes na sua cidade

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Quando o IBGE publica as Estatísticas do Registro Civil, eu sempre dou uma olhada curiosa. Não é só porque gosto de números – é porque esses dados contam a história da gente, da nossa família, dos nossos vizinhos. Em 2024, o panorama mudou em alguns pontos e, para quem acompanha a vida em comunidade, isso pode ser bem útil. Vou dividir o que eu achei mais interessante em tópicos, colocar alguns números em destaque e, no final, refletir sobre o que tudo isso significa no nosso dia a dia.

Nascimentos: a queda continua

O número de nascimentos registrados em 2024 foi de 2,3 milhões, o que representa uma queda de 5,8 % em relação a 2023. Essa tendência de diminuição já dura seis anos seguidos. O recuo aconteceu em todos os estados, mas com intensidade diferente:

  • Acre: queda de 8,7 % – o maior recuo entre as unidades da federação.
  • Paraíba: queda de apenas 1,9 % – o menor recuo.

Além disso, a faixa etária das mães mudou. Há 20 anos, mais da metade dos nascimentos vinha de mães com menos de 24 anos. Hoje, esse número caiu para 35 %. As mulheres com 35 anos ou mais passaram a representar uma parcela maior dos nascimentos.

Para a gente que tem filhos pequenos ou pensa em ter, isso traz algumas reflexões: menos crianças nas escolas pode significar turmas menores, mas também pode sinalizar desafios futuros para o mercado de trabalho e a aposentadoria. É um ponto que vale a pena observar nos próximos anos.

Casamentos: leve crescimento e mais diversidade

Em 2024 foram registrados 948.925 casamentos civis. Comparado a 2023, isso é um aumento de cerca de 1 %. O dado que me chamou atenção foi o número de uniões entre pessoas do mesmo sexo: 12.187 casamentos, um crescimento de 9 % em relação ao ano anterior.

A idade média dos noivos também varia conforme o tipo de união:

  • Casamento entre pessoas do mesmo sexo – homens: 34 anos; mulheres: 32 anos.
  • Casamento entre pessoas de sexo diferente – mulheres: 29 anos; homens: 31 anos.

Esses números mostram que o casamento ainda é um rito importante, mas que está se adaptando às novas realidades sociais. Se você está pensando em oficializar a relação, pode ser reconfortante ver que a sociedade está cada vez mais aberta.

Divórcios: queda após anos de alta

Os cartórios registraram 428.301 divórcios em 2024. É uma diminuição de 2,8 % em relação a 2023 – a primeira queda desde a pandemia (entre 2019 e 2020). A maioria das separações ainda acontece de forma judicial (82 %), mas o número de divórcios extrajudiciais subiu, indicando que mais casais optam por processos mais rápidos e menos conflituosos.

Um dado curioso: a decisão de guarda compartilhada superou, pela primeira vez, a guarda exclusiva da mãe. Foram 45 % das decisões a favor da guarda compartilhada, contra 43 % que mantiveram a guarda com a mãe.

O que isso significa na prática? Cada vez mais, os tribunais reconhecem que a presença de ambos os pais na vida dos filhos traz benefícios psicológicos e sociais. Se você está passando por uma separação, vale a pena conversar com um advogado sobre a possibilidade de guarda compartilhada – pode ser a melhor solução para a criança.

Mortes: aumento ligado ao envelhecimento

Em 2024, foram registrados 1,5 milhão de óbitos, um aumento de 4,6 % em relação a 2023. O IBGE explica esse crescimento como consequência do envelhecimento da população. A maior parte das mortes (93 %) foi por causas naturais.

Um detalhe que chama atenção: entre os homens, os óbitos por causas não naturais foram 85.244, quase 5 vezes mais que entre as mulheres (18.043). Isso reflete, em parte, diferenças nos hábitos de risco e nas condições de saúde.

Para quem tem avós, pais ou tios mais velhos, esses números reforçam a importância de cuidar da saúde preventiva, fazer exames regulares e manter um estilo de vida ativo.

Como usar esses dados no dia a dia?

Os números do IBGE não são apenas estatísticas; eles podem orientar decisões pessoais e coletivas:

  • Planejamento familiar: entender a tendência de queda nos nascimentos pode ajudar a avaliar políticas de apoio à infância e à educação.
  • Mercado de trabalho: menos jovens entrando no mercado pode pressionar salários e demandar requalificação profissional.
  • Serviços de saúde: o aumento de óbitos ligados à idade reforça a necessidade de investimentos em cuidados geriátricos.
  • Direito de família: a ascensão da guarda compartilhada indica que acordos mais equilibrados podem ser benéficos para crianças e adolescentes.

Se você ainda não acompanha o mapa de nascimentos, casamentos, divórcios e óbitos da sua cidade, vale a pena dar uma olhada. O G1 disponibiliza um mapa interativo que mostra esses números por município, o que pode ser um recurso útil para quem trabalha em políticas públicas, educação ou saúde.

Conclusão

2024 foi um ano de pequenas mudanças que, somadas, desenham um novo quadro demográfico no Brasil. Nascimentos em queda, casamentos ligeiramente em alta e mais diversificados, divórcios em leve retração e um aumento de óbitos ligado ao envelhecimento da população. O ponto alto, para mim, foi a guarda compartilhada finalmente ultrapassar a guarda exclusiva da mãe – um sinal de que a sociedade está reconhecendo o papel de ambos os pais.

Ficar de olho nesses indicadores ajuda a entender não só o que está acontecendo ao nosso redor, mas também a antecipar necessidades futuras. Seja para planejar a vida familiar, escolher uma carreira ou apoiar políticas públicas, esses números são um convite ao debate e à ação.

E você, já tinha percebido alguma dessas tendências no seu bairro ou cidade? Compartilhe nos comentários – adoro trocar ideias sobre como esses dados afetam a nossa rotina.