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Inflação desacelera: o que a queda do IPCA em novembro significa para o seu bolso

Inflação desacelera: o que a queda do IPCA em novembro significa para o seu bolso

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Se você tem acompanhado as notícias econômicas, provavelmente já viu a manchete: IPCA desacelera para 0,18% em novembro. Pode parecer só mais um número, mas essa variação tem impactos bem concretos no nosso dia a dia – nas contas de luz, no preço do lanche, até na tarifa de água. Neste post eu quero entender, de forma simples e prática, o que está acontecendo, por que a inflação está mais baixa e, principalmente, como isso afeta a gente.

O panorama geral: o que os números dizem?

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o termômetro oficial da inflação no Brasil. Em novembro de 2024 ele registrou alta de 0,18%, a menor variação para um mês de novembro desde 2018, quando chegou a -0,21%. No acumulado do ano, a inflação ficou em 3,92%, e nos últimos 12 meses, 4,46%, abaixo dos 4,68% do período anterior.

Esses números são importantes porque mantêm a inflação dentro da faixa de tolerância do Banco Central (meta de 3% com tolerância até 4,5%). Em outras palavras, a política monetária está conseguindo controlar a alta de preços, o que traz mais estabilidade para quem planeja gastos, investimentos ou empréstimos.

Quais grupos puxaram a alta?

Dos nove grupos pesquisados, cinco registraram aumento de preços. Os que mais contribuíram foram:

  • Despesas pessoais: +0,77% (principalmente passagens aéreas +11,9% e hospedagem +4,09%).
  • Habitação: +0,52% – energia elétrica residencial +1,27% foi o principal motor.
  • Vestuário: +0,49%.
  • Transportes: +0,22%.
  • Educação: +0,01%.

Já os grupos que caíram foram:

  • Artigos de residência: -1,00%.
  • Comunicação: -0,20%.
  • Saúde e cuidados pessoais: -0,04%.
  • Alimentação e bebidas: -0,01%.

Energia elétrica: ainda pesa no bolso

Mesmo com a queda geral, a energia elétrica continua sendo o item que mais pressiona a inflação. Em novembro, a conta de luz subiu 1,27%, o que representa 0,05 ponto percentual do IPCA. No acumulado do ano, o peso da energia chegou a 15,08% de alta, contribuindo com 0,58 ponto percentual no índice.

O motivo? A bandeira vermelha estava em vigor, adicionando R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos. A boa notícia é que, a partir de dezembro, a tarifa muda para a bandeira amarela, o que deve aliviar um pouco o impacto.

Se você mora em cidades como São Paulo, Goiânia ou Brasília, sentiu o efeito de reajustes locais: São Paulo registrou +16,05% em uma concessionária, Goiânia +19,56% e Brasília +11,21%.

Despesas pessoais: a alta das passagens aéreas

O grupo de despesas pessoais foi o maior responsável pela alta do IPCA em novembro. As passagens aéreas dispararam quase 12%, reflexo da alta demanda pós-pandemia e da retomada de eventos internacionais, como a COP-30 em Belém. Se você tem planos de viajar, vale a pena ficar de olho nas promoções e, se possível, comprar as passagens com antecedência.

Habitação: água, esgoto e gás

Dentro do grupo habitação, dois subitens tiveram destaque:

  • Água e esgoto: Fortaleza registrou aumento de 9,75% nas tarifas, elevando o subitem em 0,29%.
  • Gás encanado: no Rio de Janeiro, a tarifa caiu 0,04%, gerando uma leve queda no subitem.

Essas variações mostram como os custos de serviços públicos ainda são voláteis e podem impactar o orçamento familiar.

Transportes: a boa notícia das gratuidades

Os transportes coletivos ajudaram a puxar a inflação para baixo. A gratuidade nos dias de feriado e nas provas do ENEM reduziu os preços dos ônibus urbanos (queda de 0,76%) e dos metrôs e trens de São Paulo (queda de 6,73%). Se você usa transporte público, pode aproveitar essas reduções e repensar seu gasto mensal.

Alimentação: o que mudou no prato?

O grupo alimentação e bebidas ficou levemente negativo (-0,01%). A alimentação no domicílio continua em queda pelo sexto mês consecutivo, com destaque para:

  • Tomate: -10,38%.
  • Leite longa vida: -4,98%.
  • Arroz: -2,86%.

Por outro lado, o óleo de soja subiu 2,95% e as carnes 1,05%. Se você costuma fazer compras em casa, pode aproveitar os preços mais baixos de alguns itens, mas ficar atento ao aumento de outros.

O que isso significa para o seu planejamento financeiro?

Com a inflação desacelerando, alguns efeitos práticos podem aparecer:

  1. Taxas de juros: o Banco Central tende a manter a taxa Selic estável ou até reduzir um pouco, o que pode facilitar empréstimos e financiamentos.
  2. Orçamento doméstico: se a energia elétrica e a água ficarem mais baratas, você pode redirecionar parte da renda para poupança ou investimentos.
  3. Investimentos: a queda da inflação diminui a pressão sobre a rentabilidade real de investimentos em renda fixa. Pode ser um bom momento para rever sua carteira.
  4. Planejamento de viagens: com a alta das passagens aéreas, vale a pena comprar com antecedência ou buscar destinos nacionais onde o custo de deslocamento seja menor.

Em resumo, a desaceleração da inflação traz um alívio, mas ainda há itens que pesam, como a energia elétrica. Acompanhar os indicadores regionais (como a variação de preços em São Paulo ou Goiânia) ajuda a entender melhor onde o seu dinheiro está sendo mais afetado.

Olhar para o futuro

O que vem pela frente? O IBGE ainda vai publicar os dados de dezembro, que já começam a refletir a bandeira amarela na energia. Se a tendência de desaceleração continuar, o Banco Central pode começar a reduzir a Selic ainda em 2025, o que seria bom para quem tem dívidas ou pensa em comprar um imóvel.

Mas atenção: a inflação pode voltar a subir se houver choques externos – como variações nos preços internacionais de commodities ou mudanças nas políticas fiscais. Por isso, manter um fundo de emergência e diversificar investimentos continua sendo a melhor estratégia.

Fique de olho nos próximos boletins do IBGE e nas decisões do Banco Central. Enquanto isso, ajuste seu orçamento, aproveite as quedas nos itens que mais pesam no seu bolso e continue acompanhando a economia com um olhar crítico, mas otimista.