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Henrique Braun assume a Coca‑Cola: o que a nova liderança brasileira significa para nós

Henrique Braun assume a Coca‑Cola: o que a nova liderança brasileira significa para nós

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Um brasileiro no topo da maior empresa de bebidas do mundo

Se você acompanha as notícias de negócios, já deve ter visto o anúncio da Coca‑Cola: Henrique Braun, de 57 anos, vai ser o próximo presidente‑executivo da companhia. Não é todo dia que vemos um brasileiro chegar ao comando de uma multinacional que está presente em quase todos os cantos do planeta.

Um pouco da história de Braun

Henrique nasceu na Califórnia, mas cresceu no Brasil. Formou‑se em Engenharia Agronômica na UFRRJ, fez mestrado nos Estados Unidos (Michigan State) e um MBA na Georgia State University. Entrou na Coca‑Cola como trainee em 1996, na área de Engenharia Global, em Atlanta. Desde então, passou por quase todas as áreas da empresa: operações, marketing, inovação, cadeia de suprimentos e, claro, a relação com os engarrafadores.

Ele já comandou a operação da Coca‑Cola na Grande China e Coreia, liderou a Coca‑Cola Brasil (2016‑2020) e depois a América Latina inteira. Em 2024, foi eleito vice‑presidente executivo (EVP) e, no início de 2025, assumiu o cargo de COO, responsável por todas as operações globais. Agora, a partir de 31 de março de 2026, ele será o CEO.

Por que essa mudança importa?

Não é só uma troca de nomes no topo da hierarquia. O momento é crítico para a indústria de alimentos e bebidas, que tem que se reinventar para atender consumidores cada vez mais preocupados com saúde, sustentabilidade e preço. A Coca‑Cola tem investido pesado em linhas sem açúcar, água com gás, cafés, energéticos e até leite premium (Fairlife). Esse reposicionamento ajudou a empresa a manter o crescimento, enquanto concorrentes como a PepsiCo enfrentam mais dificuldades.

Com Braun no comando, a expectativa é que a estratégia de diversificação continue, mas com um toque ainda mais próximo das realidades locais. Ele conhece bem o Brasil e a América Latina, regiões onde o consumo de refrigerantes está em queda, mas a demanda por opções mais saudáveis cresce.

O que isso traz para o consumidor brasileiro?

  • Mais opções saudáveis: Braun tem experiência em lançar produtos sem açúcar e de baixa caloria. Podemos esperar novas formulações, talvez até com ingredientes regionais.
  • Preços mais competitivos: Ele destacou a parceria com os engarrafadores como prioridade. Uma cadeia de suprimentos mais eficiente pode significar preços mais baixos nas prateleiras.
  • Inovação local: O histórico de Braun inclui liderar projetos na América Latina. Isso pode abrir espaço para sabores e embalagens criadas por equipes brasileiras.
  • Sustentabilidade: A Coca‑Cola tem metas ambiciosas de reciclagem e redução de emissões. Um líder que entende as particularidades do mercado emergente pode acelerar esses projetos.

Desafios que Braun terá que enfrentar

Não é tudo flores. O setor de bens de consumo está lidando com desafios logísticos – tarifas mais altas, instabilidade nas cadeias de suprimentos e pressão por preços mais baixos. Além disso, a concorrência está investindo pesado em bebidas à base de plantas e em marcas que se posicionam como “naturais”.

Outro ponto delicado é a relação com os engarrafadores. A Coca‑Cola não fabrica as bebidas; ela licencia a produção e a distribuição para parceiros locais. Manter todos alinhados, especialmente em mercados com alta volatilidade econômica, exige habilidade diplomática.

O que os investidores estão dizendo?

Kimberly Forrest, da Bokeh Capital Partner, acredita que Braun continuará a “renovar o portfólio de marcas”. Desde que James Quincey assumiu em 2017, as ações da Coca‑Cola subiram quase 63 %. O novo CEO tem a tarefa de manter esse ímpeto, mas também de provar que a empresa pode crescer em um mundo onde o refrigerante tradicional perde espaço.

Como isso se encaixa na história da Coca‑Cola no Brasil?

A Coca‑Cola chegou ao Brasil em 1942 e, ao longo das décadas, se tornou parte da cultura popular – dos “refri na praia” aos “coca‑gelada” nas festas de família. No entanto, o consumo per capita de refrigerantes começou a cair nos últimos anos, enquanto a população busca opções menos calóricas.

Durante a passagem de Braun pela Coca‑Cola Brasil (2016‑2020), a empresa lançou linhas como a Coca‑Cola Zero Açúcar e investiu em campanhas de marketing focadas em saúde. Ele também trabalhou na modernização das fábricas, adotando tecnologias de economia de água e energia.

O que eu, como consumidor, devo ficar de olho?

Para quem acompanha as prateleiras do supermercado, a mudança pode ser sutil no início, mas vale observar:

  1. Novos rótulos: fique atento a declarações de “sem açúcar” ou “baixo teor calórico”.
  2. Sabores regionais: a Coca‑Cola tem testado edições limitadas em diferentes países – pode ser que vejamos algo inspirado no açaí, guaraná ou frutas tropicais.
  3. Embalagens sustentáveis: Braun tem falado sobre “desbloquear o crescimento futuro em parceria com nossos engarrafadores”. Isso pode incluir mais garrafas de PET reciclado ou opções retornáveis.
  4. Preços: se a cadeia de suprimentos ficar mais eficiente, pode haver descontos ou promoções mais frequentes.

Olhar para o futuro

O próximo CEO da Coca‑Cola tem a missão de transformar uma marca icônica em algo ainda relevante para as próximas gerações. Se ele conseguir equilibrar inovação, sustentabilidade e preço, a empresa pode não só manter seu lugar de destaque, mas também abrir novos caminhos para outras marcas brasileiras que desejam se internacionalizar.

Para nós, brasileiros, ver um compatriota liderando esse gigante é motivo de orgulho e, ao mesmo tempo, de esperança de que decisões globais levem em conta as particularidades do nosso mercado. Vamos acompanhar de perto as próximas movimentações – quem sabe não surge um novo sabor de Coca‑Cola inspirado em alguma fruta do nosso Nordeste?

Se você gostou deste artigo, compartilhe com os amigos e deixe seu comentário: o que espera da nova era da Coca‑Cola sob a liderança de Henrique Braun?