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Frango brasileiro dispara nas exportações mesmo após a gripe aviária: o que isso significa para o seu prato e para a economia

Frango brasileiro dispara nas exportações mesmo após a gripe aviária: o que isso significa para o seu prato e para a economia

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Quando a gente pensa em exportação de alimentos, a imagem que costuma aparecer na nossa cabeça é a do café ou da soja. Mas, nos últimos meses, o protagonista tem sido o frango. Sim, aquele mesmo que aparece nas mesas de domingo, nos lanches rápidos e nas receitas de festa. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) acabou de anunciar que as exportações de carne de frango devem chegar a **5,32 milhões de toneladas em 2025**, superando os 5,295 milhões de toneladas embarcados em 2024. E o mais curioso? Esse crescimento aconteceu mesmo depois de um caso de gripe aviária ter gerado embargo em vários países.

## Como a gripe aviária quase derrubou o mercado e, ainda assim, acabou impulsionando o negócio

Em maio, uma granja comercial em **Montenegro, no Rio Grande do Sul**, registrou um caso de gripe aviária. O medo de contágio fez com que vários destinos, entre eles a China, impusessem restrições imediatas às importações brasileiras. O resultado foi um choque de realidade para os exportadores: projeções de queda de 2% para o ano e perdas estimadas entre **US$ 100 milhões e US$ 150 milhões**.

Mas a história não parou por aí. A situação foi rapidamente controlada, sem novos surtos, e a China – principal compradora de frango brasileiro – voltou a abrir a porta em novembro. Essa retomada de confiança foi decisiva para que, ao invés de registrar a temida queda, o Brasil **ultrapassasse a marca de 5 milhões de toneladas**.

## Por que o frango brasileiro tem esse apelo no exterior?

– **Preço competitivo**: A cadeia produtiva no Brasil é extremamente eficiente, o que permite oferecer preços abaixo dos concorrentes europeus e norte‑americanos.
– **Qualidade certificada**: Programas de rastreabilidade e boas práticas sanitárias dão segurança aos compradores.
– **Capacidade de produção**: Com 15,3 milhões de toneladas de produção previstas para 2025, o país tem estoque suficiente para atender a picos de demanda.
– **Flexibilidade nas restrições**: Aprendendo com a crise da gripe aviária, o Brasil adotou medidas mais regionais – quando há um caso, apenas o município ou estado afetado tem restrição, não o país inteiro. Isso reduz o impacto nas exportações.

## O que isso traz para o consumidor brasileiro?

Para quem compra frango aqui no Brasil, a notícia pode parecer distante, mas há alguns efeitos práticos:

1. **Estabilidade de preços** – Quando a produção nacional se mantém alta e as exportações crescem, há menos risco de escassez que poderia elevar os preços internos.
2. **Qualidade aprimorada** – A pressão internacional por padrões mais rígidos costuma refletir em melhorias nas granjas locais, beneficiando quem consome o produto.
3. **Geração de empregos** – A cadeia do frango envolve milhares de trabalhadores: desde criadores até transportadores, passando por frigoríficos e logística. Mais exportação significa mais postos de trabalho.

## E a carne suína? Um concorrente que ganha espaço

Não é só o frango que tem boas notícias. O setor de carne suína também deve crescer: **1,49 milhão de toneladas em 2025**, contra 1,35 milhão em 2024. A razão principal? A peste suína africana que está assolando a Espanha, um dos maiores produtores europeus. Com a China bloqueando parte das exportações espanholas, o Brasil tem a oportunidade de ocupar esse espaço e, segundo o presidente da ABPA, Ricardo Santin, pode se tornar o **3º maior exportador mundial de carne de porco** ainda em 2025.

## Olhando para o futuro: 2026 e além

As projeções da ABPA são otimistas:

– **Frango**: até 5,5 milhões de toneladas exportadas em 2026.
– **Produção total**: 15,6 milhões de toneladas de carne de frango.
– **Carne suína**: 1,55 milhão de toneladas exportadas em 2026.

E, se houver um novo caso de gripe aviária, o impacto deve ser ainda menor graças ao modelo de restrição regionalizado que o Brasil adotou. Em vez de fechar portas para todo o país, a medida foca apenas nas áreas afetadas, permitindo que o restante continue operando normalmente.

## O que fazer se você é produtor ou está pensando entrar no agronegócio?

– **Investir em biossegurança**: A experiência recente mostrou que granjas bem protegidas evitam perdas gigantescas.
– **Acompanhar mercados internacionais**: Saber onde a demanda está crescendo (China, Oriente Médio, Europa) ajuda a planejar a produção.
– **Diversificar canais de venda**: Além das exportações, explorar o mercado interno de produtos processados pode ser uma estratégia de mitigação de risco.
– **Aproveitar incentivos governamentais**: Existem linhas de crédito e apoio técnico para modernização de granjas, que podem melhorar a competitividade.

## Conclusão: um cenário de oportunidades com cautela

A história recente do frango brasileiro mostra como o agronegócio pode ser resiliente. Mesmo diante de uma crise sanitária que poderia ter causado um desastre econômico, o país soube adaptar suas estratégias, melhorar a gestão de riscos e, no fim das contas, transformar um obstáculo em impulso.

Para nós, consumidores, isso se traduz em mais opções, preços estáveis e a certeza de que o alimento que chega ao prato tem origem em um setor que está cada vez mais profissionalizado. Para os produtores, a mensagem é clara: **qualidade e segurança são a moeda de troca no mercado global**. E, para o Brasil como nação, a expansão das exportações de frango e carne suína reforça o papel do país como fornecedor essencial de proteína animal no mundo.

Se você ainda tem dúvidas sobre como essa dinâmica afeta seu negócio ou seu bolso, a dica é ficar de olho nas notícias do setor, conversar com especialistas e, quem sabe, até considerar uma visita a uma granja modelo para entender de perto as boas práticas que estão colocando o Brasil no topo das exportações.

**Vamos acompanhar juntos esse movimento?** Afinal, o futuro da carne de frango (e de porco) no Brasil depende tanto das decisões de quem produz quanto da curiosidade de quem consome.