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Dólar em queda e Ibovespa em alta: o que isso significa para o seu bolso?

Dólar em queda e Ibovespa em alta: o que isso significa para o seu bolso?

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Na segunda‑feira (8), o mercado brasileiro deu um suspiro de alívio. O dólar recuou 0,22% e ficou em R$ 5,42, enquanto o Ibovespa subiu 0,52%, fechando em 158.187 pontos. Parece uma boa notícia, mas por trás desses números há uma trama política que pode mudar o cenário econômico nos próximos meses. Vamos destrinchar o que aconteceu, por que isso importa para você e o que pode vir pela frente.

Por que o dólar caiu?

O principal gatilho foi a declaração de Flávio Bolsonaro. O senador, que havia anunciado sua pré‑candidatura à Presidência em 2026, sugeriu que poderia desistir da corrida, mas apenas se receber “um preço” – possivelmente uma anistia para o pai, Jair Bolsonaro. Essa incerteza política fez o mercado reagir rapidamente:

  • Expectativa de estabilidade: se Flávio sair, a disputa interna da direita pode se reorganizar, reduzindo o risco de turbulência institucional.
  • Pressão sobre o real: antes da fala, o real estava sob pressão, com o dólar chegando a R$ 5,43, o maior nível em quase dois meses.
  • Reação dos investidores: ao perceberem que a corrida poderia se acalmar, compraram ativos em reais, empurrando o dólar para baixo.

Ibovespa volta a subir – mas o que está por trás?

Depois de uma queda abrupta de mais de 4% na sexta‑feira, o principal índice da bolsa brasileira recuperou parte das perdas. A alta de 0,52% reflete três fatores principais:

  1. Alívio cambial: o recuo do dólar reduz o custo de importação e melhora a margem de empresas exportadoras.
  2. Expectativas de juros: investidores aguardam a decisão do Copom (Banco Central) e do Fed (EUA) na quarta‑feira. Se mantiverem as taxas altas, o risco de alta de juros diminui, favorecendo ações.
  3. Sentimento político: a possibilidade de Flávio Bolsonaro recuar abre espaço para outras figuras da direita, como Tarcísio de Freitas, mas também reduz a percepção de choque institucional.

Como isso afeta o seu dia a dia?

Para quem não acompanha a Bolsa, a variação do dólar e do Ibovespa pode parecer distante, mas tem impactos reais:

  • Compras internacionais: se você compra produtos importados ou viaja ao exterior, a queda do dólar significa menos reais na hora de pagar.
  • Investimentos: quem tem renda fixa ou fundos atrelados ao CDI sente menos pressão inflacionária quando a taxa Selic permanece alta. Já quem investe em ações pode aproveitar a recuperação do Ibovespa para repensar a carteira.
  • Inflação: o Boletim Focus mostrou que as projeções de inflação para 2025/2026 recuaram levemente (de 4,43% para 4,40% e de 4,17% para 4,16%). Isso pode aliviar o bolso nas próximas compras de supermercado.

O que dizem os especialistas?

Analistas apontam que a entrada de Flávio Bolsonaro enfraquece a oposição ao governo Lula, o que pode facilitar a reeleição do PT. Por outro lado, a falta de apoio do Centrão e a baixa adesão nas pesquisas tornam a candidatura vulnerável. Alguns economistas acreditam que, se a direita se dividir, o governo terá mais espaço para conduzir reformas fiscais, mas isso também pode deixar o mercado mais cauteloso quanto a ajustes robustos nas contas públicas.

O calendário de juros: por que fica no radar?

Esta semana tem duas decisões cruciais:

  1. Brasil – Copom: a expectativa é que a Selic continue em 15% ao ano. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem defendido a manutenção da taxa, citando a necessidade de conter a inflação ainda que o desemprego esteja em 5,4% – o menor nível desde 2012.
  2. EUA – Federal Reserve: a maioria dos analistas aposta em mais um corte de 0,25 ponto percentual, mas o Fed pode dividir opiniões internamente, já que o PCE de setembro mostrou inflação de 2,8% ao ano, ligeiramente abaixo das expectativas.

Essas decisões são importantes porque influenciam o fluxo de capitais. Uma Selic mais alta atrai investidores estrangeiros em busca de rendimentos, fortalecendo o real. Já um corte nos EUA pode desvalorizar o dólar, o que também beneficia o real.

Perspectivas para 2026: anistia, candidaturas e inflação

Se Flávio Bolsonaro realmente desistir em troca de anistia para o pai, o cenário político pode mudar drasticamente. Uma anistia ampliada poderia abrir caminho para outras lideranças da direita, como Tarcísio de Freitas, que tem sido apontado como candidato mais competitivo. Isso, por sua vez, pode influenciar as projeções de inflação e crescimento do PIB nos próximos anos, já que a estabilidade política costuma melhorar o ambiente de negócios.

O Boletim Focus já indica que o crescimento do PIB em 2025 pode subir para 2,25% e que a taxa Selic pode subir para 12,25% em 2026, caso o Banco Central decida ajustar a política monetária. Para o investidor, isso significa que o cenário de juros pode ficar mais favorável para crédito e consumo, mas também traz risco de pressões inflacionárias se a política fiscal não acompanhar.

Resumo rápido para quem tem pressa

  • Dólar: caiu para R$ 5,42 após Flávio Bolsonaro sugerir desistência da candidatura.
  • Ibovespa: subiu 0,52%, recuperando parte da queda de 4% da sexta‑feira.
  • Inflação: projeções do Focus recuaram levemente para 2025/2026.
  • Juros: Selic deve permanecer em 15% na próxima reunião; Fed pode cortar 0,25 ponto.
  • O que fazer: aproveite a queda do dólar para compras internacionais, reavalie sua carteira de investimentos e fique de olho nas decisões de juros.

Em resumo, o mercado está em um ponto de equilíbrio delicado entre política e economia. A fala de Flávio Bolsonaro mostrou como a política pode mover o câmbio e a bolsa em questão de horas. Para nós, investidores e consumidores, o melhor caminho é manter a atenção nas decisões de juros, nas projeções de inflação e, claro, nas próximas movimentações da disputa presidencial. O futuro ainda tem muitas incógnitas, mas ficar informado já é um grande passo para proteger o seu dinheiro.