Você já parou pra pensar que pode estar deixando dinheiro parado em alguma conta que nem lembra mais? Parece papo de filme, mas o Banco Central acabou de divulgar que ainda existem quase R$ 10 bilhões de recursos “esquecidos” nas instituições financeiras brasileiras. E o número de pessoas afetadas? Mais de 48 milhões! Se isso te fez franzir a testa, fica tranquilo: eu vou te explicar direitinho o que isso significa, como consultar o que pode ser seu e ainda dar umas dicas para não deixar nada cair no esquecimento.
O que são esses recursos “esquecidos”?
Basicamente são valores que ficaram depositados em contas bancárias, consórcios, ou outros serviços financeiros e que, por algum motivo, nunca foram movimentados. Pode ser um salário antigo que acabou não sendo sacado, um investimento que ficou parado, ou até dinheiro de contas de parentes falecidos que nunca foi reclamado.
O Banco Central (BC) fez um levantamento até outubro de 2023 e chegou ao total de R$ 9,92 bilhões. Desse montante, R$ 7,73 bilhões pertencem a pessoas físicas – isso representa 48,7 milhões de brasileiros – e R$ 2,19 bilhões são de empresas, cerca de 4,9 milhões delas.
Como funciona a devolução?
Até agora, o BC já devolveu R$ 12,6 bilhões de valores que estavam “perdidos”. O processo de consulta e solicitação de devolução acontece em um portal exclusivo: valoresareceber.bcb.gov.br. Lá, você pode descobrir se tem algum dinheiro esperando por você – ou pelos seus herdeiros, no caso de contas de falecidos.
Para que o valor seja liberado, é preciso cadastrar uma chave PIX. Se ainda não tem, basta criar uma na sua conta bancária. Caso prefira, pode combinar outro método de recebimento diretamente com a instituição financeira.
Passo a passo para consultar o seu dinheiro
- Acesso ao portal: Entre no site valoresareceber.bcb.gov.br usando sua conta gov.br de nível prata ou ouro, com a verificação em duas etapas ativada.
- Informar o CPF: Digite seu CPF e a senha que usa para acessar serviços do governo.
- Chave PIX: Se ainda não tem, crie uma chave PIX do tipo CPF. Isso pode ser feito diretamente no app do seu banco.
- Solicitação automática (opcional): Desde maio, o BC permite habilitar a solicitação automática de resgate. Se ativar, não precisa ficar checando o portal periodicamente; o valor será transferido assim que for identificado.
Quem pode consultar valores de falecidos?
Se o titular da conta já faleceu, a consulta só pode ser feita por herdeiros, inventariante, testamenteiro ou representante legal. Além de comprovar a condição, é preciso preencher um termo de responsabilidade, garantindo que a devolução será feita ao legítimo sucessor.
O que mudou na segurança?
Em fevereiro, o BC reforçou a segurança do sistema “Valores a Receber”. Agora, o acesso exige duas etapas de verificação: além da senha, você recebe um código via aplicativo gov.br. Se ainda não tem o app, baixe, faça a validação facial e ative a autenticação de dois fatores.
Fique atento aos golpes
Um ponto importante: o governo nunca vai entrar em contato pedindo seus dados pessoais por telefone, WhatsApp ou e‑mail para devolver valores. Se receber alguma mensagem desse tipo, desconfie e denuncie. O único canal oficial é o portal do Banco Central.
Por que ainda tem tanto dinheiro “esquecido”?
Algumas razões são bem simples:
- Desatenção: Muitas pessoas abrem contas ou fazem investimentos e, depois de algum tempo, esquecem.
- Falecimento: Quando alguém morre, os herdeiros nem sempre sabem das contas existentes.
- Mudança de banco: Ao mudar de instituição, alguns saldos podem ficar “presos” em contas inativas.
- Erros de digitação: Dados incorretos ao abrir contas podem impedir que o titular localize o dinheiro.
Dicas para não deixar dinheiro para trás
Agora que você sabe como funciona, aqui vão algumas práticas para evitar que seu dinheiro caia no esquecimento:
- Revisite suas contas regularmente: A cada seis meses, dê uma olhada nas suas contas bancárias, investimentos e consórcios.
- Centralize informações: Mantenha um registro (pode ser uma planilha simples) de todas as contas que você possui, com número da agência, número da conta e data de abertura.
- Atualize seus dados: Se mudar de endereço ou telefone, avise seu banco para que não perca contato.
- Use a chave PIX: Ter uma chave vinculada ao CPF facilita a devolução automática de valores esquecidos.
- Planeje a sucessão patrimonial: Deixe claro em testamento ou em documentos de inventário quais contas e investimentos você possui.
Qual o futuro desse programa?
O Banco Central ainda não definiu um novo prazo para a pesquisa de valores. Embora o prazo oficial tenha acabado em 16 de outubro de 2024, o Ministério da Fazenda informou que não há limite para que os clientes busquem seus recursos. Isso significa que, enquanto houver dinheiro “esquecido”, o portal permanecerá aberto.
Além disso, a tendência é que mais instituições adotem a devolução via PIX, tornando o processo ainda mais ágil. Quem ainda não aderiu ao termo de devolução via PIX terá que continuar com a solicitação manual, mas isso deve mudar nos próximos anos, à medida que a tecnologia se consolida.
Resumo rápido
- R$ 9,92 bi em recursos “esquecidos” ainda não foram devolvidos.
- 48,7 milhões de pessoas físicas podem ter dinheiro esperando por elas.
- Consulte o portal oficial com sua conta gov.br e chave PIX.
- Ative a solicitação automática para receber valores sem precisar checar o site.
- Fique alerta a golpes – o governo nunca pede dados por telefone.
Então, que tal dar aquela conferida agora mesmo? Pode ser que você descubra um presentinho inesperado no seu nome. E, se encontrar, já sabe como receber e, melhor ainda, como evitar que isso aconteça novamente no futuro.




