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CNU 2025: O que realmente importa nas provas discursivas e como se preparar de verdade

CNU 2025: O que realmente importa nas provas discursivas e como se preparar de verdade

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Se você está na fila para o Concurso Nacional Unificado (CNU) 2025, provavelmente já sentiu aquele frio na barriga ao ver os temas das provas discursivas e da redação. Não é à toa: são 9 blocos temáticos, cada um com desafios próprios, e a FGV ainda colocou um peso de até R$ 16,4 mil nos salários iniciais. Mas, antes de entrar em pânico, vamos destrinchar o que caiu, o que os professores apontaram como armadilhas e, principalmente, como transformar tudo isso em uma estratégia vencedora.

## Por que as provas discursivas são tão decisivas?

A redação costuma ser a última etapa, mas no CNU ela vale até 30% da nota da fase escrita. Além disso, a banca costuma usar critérios de **coerência, coesão, domínio do conteúdo e capacidade de argumentação**. Em termos práticos, uma resposta bem estruturada pode compensar pequenos deslizes em outras questões. Por isso, entender o que a banca espera é tão importante quanto dominar o conteúdo.

## Os 9 blocos temáticos – um panorama rápido

| Bloco | Tema principal | Pontos de atenção (segundo os professores) |
|——-|—————-|——————————————–|
| 1 | Seguridade Social | Conectar democracia, SUS e SUAS; diferenciar equidade de igualdade; citar leis como Constituição 88, LOAS e PNAB |
| 2 | Cultura e Educação | Mostrar barreiras da inclusão digital; usar a Política Nacional de Cultura Viva como referência |
| 3 | Ciências, Dados e Tecnologia | Dominar IA, soberania digital e a Estratégia Federal de Governo Digital; propor políticas concretas |
| 4 | Engenharias e Arquitetura | Cumprir rigorosamente os comandos; abordar acessibilidade e saneamento com exemplos de equipes técnicas |
| 5 | Administração | Emendas parlamentares + Lei 13.019/2014; comunicação pública sem cair no humor exagerado |
| 6 | Desenvolvimento Socioeconômico | Mercado de trabalho + extensão rural; sugerir parcerias público‑privadas viáveis |
| 7 | Justiça e Defesa | Estudo de caso – Direito Internacional Humanitário; ligar respostas ao texto‑motivador |
| 8 | Intermediário – Saúde | Ocupações irregulares e seus impactos na saúde; propor medidas de saúde pública integradas |
| 9 | Intermediário – Regulação | Mobilidade urbana – papel do Estado e das agências reguladoras; focar em poucas medidas bem justificadas |

## Como transformar esses tópicos em respostas pontuais?

### 1. Estruture antes de escrever

A maioria das questões pede **duas ou três partes**: contextualização, análise crítica e proposta. Uma fórmula simples que funciona na maioria dos blocos é:

1. **Introdução (2‑3 linhas)** – apresente o tema de forma direta, citando o texto‑motivador quando houver.
2. **Desenvolvimento (4‑5 linhas)** – discorra sobre os principais pontos solicitados, sempre trazendo **exemplos concretos** (leis, programas, dados).
3. **Proposta (2‑3 linhas)** – ofereça uma solução prática, detalhando quem executa, como e quais resultados espera.
4. **Conclusão (1‑2 linhas)** – recapitule a ideia‑chave e reforce a viabilidade da proposta.

### 2. Use a linguagem da banca

Os professores destacaram que a FGV valoriza **verbos de ação** (implementar, regulamentar, monitorar) e **palavras‑chave** do edital. Por exemplo, no bloco 3, mencionar *soberania digital* e *Estratégia Federal de Governo Digital* não é opcional; são termos que já vêm no texto‑base.

### 3. Cuidado com a contagem de linhas

Cada questão tem limite de 30 linhas. Na prática, isso equivale a **cerca de 250‑300 palavras**. Se você usar frases muito longas, corre o risco de ultrapassar o limite e perder pontos por falta de clareza. Prefira frases curtas, conectores simples (portanto, entretanto, assim) e evite repetições.

### 4. Não subestime a gramática

Metade da nota pode ser tirada por erros de coesão ou concordância. Uma dica de Amanda Aires (Estratégia Concursos) é fazer **uma revisão rápida** ao final: leia em voz alta, procure por “e… e” repetidos, verifique se os verbos concordam com os sujeitos.

## Estratégias de estudo específicas por bloco

### Bloco 1 – Seguridade Social

– **Mapeie os principais instrumentos:** SUS, SUAS, Conselhos Gestores, PNAB, PNAS.
– **Estude casos reais:** planos de saúde municipal, projetos de Consultórios de Rua, ações de prevenção em áreas de risco.
– **Diferencie equidade e igualdade:** equidade = tratamento diferenciado para alcançar resultados iguais.

### Bloco 2 – Cultura e Educação

– **Liste os obstáculos da inclusão digital:** custo da banda larga, alfabetização digital, infraestrutura nas escolas.
– **Cite políticas existentes:** Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), Lei de Incentivo à Cultura.
– **Proponha soluções simples:** parcerias com operadoras, centros de inclusão digital em bibliotecas.

### Bloco 3 – Ciências, Dados e Tecnologia

– **Domine conceitos de IA:** aprendizado de máquina, automação, impactos no emprego.
– **Entenda soberania digital:** proteção de dados, infraestrutura de nuvem nacional, legislação (LGPD).
– **Sugira medidas regulatórias:** criação de agência de IA, incentivos à pesquisa em universidades.

### Bloco 4 – Engenharias e Arquitetura

– **Foque nos requisitos técnicos:** inclinação de rampas, largura de corredores, normas da ABNT.
– **Use exemplos de projetos reais:** saneamento em comunidades do Norte, acessibilidade em edifícios públicos.
– **Divida a resposta:** primeiro aspecto (acessibilidade), segundo aspecto (saneamento), terceiro aspecto (sustentabilidade).

### Bloco 5 – Administração

– **Entenda as emendas parlamentares:** tipos (impositiva, voluntária), limites de gasto, prestação de contas.
– **Aplique a Lei 13.019/2014:** parcerias com OSCs, transparência nos repasses.
– **Comunicação pública:** diferencie conteúdo institucional de propaganda; sugira uso de infográficos e linguagem clara.

### Bloco 6 – Desenvolvimento Socioeconômico

– **Analise indicadores do mercado de trabalho:** taxa de desemprego, seguro‑desemprego, programa de qualificação.
– **Explore a extensão rural:** papel da Embrapa, tecnologias de agricultura familiar, PPPs para infraestrutura.
– **Proponha parcerias:** universidades + cooperativas, bancos de desenvolvimento + agricultores.

### Bloco 7 – Justiça e Defesa

– **Estude o Direito Internacional Humanitário:** Convenções de Genebra, princípios de proteção civil.
– **Use o caso‑estudo:** relacione fatos do texto‑motivador com normas brasileiras (SUSP, PNSPDS).
– **Mantenha a resposta ancorada no texto:** cite o nome dos personagens ou situações apresentadas.

### Bloco 8 – Intermediário – Saúde

– **Identifique determinantes sociais da saúde:** moradia, saneamento, acesso a serviços.
– **Proponha intervenções integradas:** unidades de saúde móvel, programas de vacinação em áreas informais.
– **Use dados reais:** cite índices de mortalidade ou surtos recentes em grandes cidades.

### Bloco 9 – Intermediário – Regulação

– **Entenda o papel das agências reguladoras:** ANTT, ANEEL, AGU – embora não haja agência específica de transporte urbano, a proposta pode ser criar uma.
– **Foque em medidas factíveis:** tarifação social, incentivo à frota de ônibus elétricos, integração de aplicativos de mobilidade.
– **Justifique com benefícios:** redução de emissões, diminuição de tempo de deslocamento, inclusão social.

## O que os professores alertam como “cair no zero”

1. **Responder de forma genérica** – a banca quer *exemplos concretos*. Dizer apenas “melhorar a saúde pública” não basta; cite programas, leis ou casos específicos.
2. **Ignorar o texto‑motivador** – especialmente nos blocos 7 e 8, onde o enunciado apresenta um caso. Não mencionar o personagem ou a situação pode cortar pontos.
3. **Exceder o número de linhas** – ao tentar abarcar tudo, você perde clareza. É melhor focar em dois ou três argumentos bem desenvolvidos.
4. **Desconsiderar a gramática** – erros de concordância ou pontuação são penalizados, mesmo que o conteúdo seja ótimo.

## Como montar um plano de estudo até a prova

– **Semana 1‑2:** Leitura detalhada de todos os blocos, anotando palavras‑chave e leis citadas.
– **Semana 3‑4:** Redação de *mini‑respostas* (15‑20 linhas) para cada questão, usando a estrutura 4‑passos.
– **Semana 5:** Revisão de gramática e coesão; troque respostas com colegas para feedback.
– **Semana 6:** Simulados cronometrados – 30 minutos por questão, respeitando o limite de linhas.
– **Últimos 3 dias:** Revisão leve, foco em pontos fracos identificados nos simulados, descanso adequado.

## Por que isso importa para a sua carreira?

O CNU 2025 não é só mais um concurso; ele abre portas para **cargos de nível superior e médio em todo o país**, com salários que chegam a R$ 16,4 mil. Além do aspecto financeiro, a experiência de preparar respostas discursivas de alto nível melhora sua capacidade de comunicação, essencial em qualquer cargo público. Você passa a pensar de forma estruturada, a argumentar com base em dados e a propor soluções práticas – habilidades que valem tanto no serviço público quanto no setor privado.

## Conclusão

Não há fórmula mágica, mas há um caminho claro: conheça os temas, entenda o que a banca valoriza, pratique a escrita dentro do limite de linhas e cuide da gramática. Se você seguir a estratégia acima, aumentará muito as chances de transformar a prova discursiva – que pode ser o ponto de virada – em um trunfo.

E aí, pronto para colocar a mão na massa? Lembre‑se de baixar os cadernos de questões no site da FGV, revisar os comentários dos professores e, acima de tudo, manter a calma. Boa sorte e que seu próximo cargo seja tão promissor quanto o salário que o CNU oferece!