Introdução: Por que o CNU 2025 está gerando tanto burburinho?
Se você acompanha o mundo dos concursos, já deve ter percebido que o Concurso Nacional Unificado (CNU) virou assunto de mesa de café, grupos de WhatsApp e até de família. A segunda edição, marcada para 2025, traz mais de 3,6 mil vagas com salários que chegam a R$ 16,4 mil. Mas o que realmente tem chamado a atenção são as provas discursivas – aquelas que exigem mais que memória, pedindo análise, argumentação e propostas concretas.
Eu, que já fiz duas provas discursivas em concursos federais, sei que o medo de “zerar” a resposta é real. Por isso, resolvi juntar aqui tudo que os professores do Estratégia Concursos e do Gran Concursos apontaram, acrescentar algumas dicas práticas e, principalmente, explicar por que entender o tema pode mudar o rumo da sua nota.
Como funciona a divisão dos blocos temáticos?
O CNU permite que o candidato escolha um dos nove blocos temáticos. Cada bloco tem um tema específico para a prova discursiva e outro para a redação. A escolha influencia diretamente a forma como você deve se preparar, já que os assuntos variam bastante – de seguridade social a mobilidade urbana.
- Bloco 1 – Seguridade Social: saúde, assistência e previdência.
- Bloco 2 – Cultura e Educação: inclusão digital e políticas culturais.
- Bloco 3 – Ciências, Dados e Tecnologia: transformação digital e soberania digital.
- Bloco 4 – Engenharias e Arquitetura: acessibilidade e saneamento.
- Bloco 5 – Administração: emendas parlamentares e comunicação pública.
- Bloco 6 – Desenvolvimento Socioeconômico: mercado de trabalho e extensão rural.
- Bloco 7 – Justiça e Defesa: direito internacional humanitário e segurança pública.
- Bloco 8 – Intermediário – Saúde: urbanização e saúde pública.
- Bloco 9 – Intermediário – Regulação: mobilidade urbana e agências reguladoras.
Escolher o bloco que mais combina com sua formação e com o seu repertório é o primeiro passo para uma preparação eficiente.
O que os professores acharam dos temas? Principais insights
Bloco 1 – Seguridade Social
Lígia Carvalheiro e Nilza Ciciliati destacaram que a primeira questão exigiu conectar a história do SUS com a participação social atual. Um ponto que costuma passar despercebido é a necessidade de citar exemplos concretos, como os Conselhos Gestores ou os Consultórios de Rua. Já a segunda questão trouxe desastres climáticos, pedindo que você diferencie equidade de igualdade. Na prática, isso significa mostrar que políticas de prevenção devem focar nas áreas mais vulneráveis, não tratar todo mundo da mesma forma.
Bloco 2 – Cultura e Educação
Júlia Branco apontou que a inclusão digital vai muito além de “mais internet”. Ela espera que você discuta a conectividade significativa, isto é, a capacidade de usar a rede para melhorar direitos e liberdades. Na segunda questão, o foco foi nos “pontos de cultura” – vale mencionar o Programa Cultura Viva e como ele ajuda coletivos locais a acessar recursos.
Bloco 3 – Ciências, Dados e Tecnologia
Eduardo Cambuy ressaltou que a prova foi técnica, mas dentro do esperado. Na primeira questão, a banca pediu analisar impactos da IA no trabalho e propor uma política regulatória. Uma boa resposta inclui: (1) identificação de empregos em risco, (2) proposta de capacitação profissional e (3) criação de um órgão de fiscalização de algoritmos. Na segunda questão, a soberania digital exigiu citar duas categorias (por exemplo, dados pessoais e infraestrutura de nuvem) e ligar à Estratégia Federal de Governo Digital.
Bloco 4 – Engenharias e Arquitetura
Este bloco foi considerado o mais complexo pelos professores. Cada item pedia, praticamente, uma mini‑redação de 30 linhas. O segredo, segundo Cambuy, é seguir à risca os comandos: se o enunciado pede “duas soluções”, não dê três; se pede “aspectos qualitativos”, foque em qualidade, não quantidade.
Bloco 5 – Administração
Stefan Fantini destacou que as questões sobre emendas parlamentares e comunicação pública exigem visão integrada. Não basta citar a Lei 13.019/2014; é preciso mostrar como a transparência nas emendas pode melhorar a governança e, ao mesmo tempo, propor uma estratégia de comunicação que use redes sociais de forma institucional.
Bloco 6 – Desenvolvimento Socioeconômico
Amanda Aires explicou que a banca valorizou respostas práticas. No tema de mercado de trabalho, mencionar o seguro‑desemprego como ferramenta de proteção social e propor parcerias público‑privadas para ampliar a oferta de vagas foram bem‑recebidos. Na extensão rural, citar a Embrapa e sugerir cooperação com startups de agrotecnologia fez diferença.
Bloco 7 – Justiça e Defesa
Aragonê Fernandes e Letícia Bastos observaram que a prova trouxe um estudo de caso. Isso significa que você deve sempre referenciar o texto motivador, citando personagens e situações específicas antes de avançar para a argumentação geral.
Bloco 8 – Intermediário – Saúde
O foco foi nas ocupações irregulares e seus impactos na saúde pública. Letícia Bastos recomenda que você discuta determinantes sociais da saúde, como saneamento e acesso a serviços, e apresente medidas como regularização fundiária e ampliação de unidades de saúde nas periferias.
Bloco 9 – Intermediário – Regulação
Herbert Almeida alertou para a necessidade de selecionar poucas ações e justificá‑las com dados. Por exemplo, ao falar sobre o papel do Estado na mobilidade urbana, mencione investimentos em corredores de ônibus e integração tarifária, apoiados por estatísticas de redução de congestionamento.
Dicas práticas para não zerar a resposta
- Leia o enunciado com calma: destaque verbos de ação (analisar, propor, comparar).
- Estruture antes de escrever: faça um mini‑esboço com introdução, desenvolvimento (2‑3 argumentos) e conclusão.
- Use exemplos reais: mencione leis, programas ou casos concretos que você já estudou.
- Respeite o limite de linhas: a banca costuma penalizar respostas muito curtas ou muito extensas.
- Cuide da língua: coesão, coerência e ortografia valem até 50% da nota.
- Revise rapidamente: corrija erros de digitação e ajuste a formatação antes de entregar.
Como usar esses insights no seu plano de estudos
Eu costumo dividir meu cronograma em três blocos: (1) revisão de conteúdo, (2) prática de questões discursivas e (3) simulados cronometrados. Para o CNU, vale adaptar esse modelo da seguinte forma:
- Mapeie o bloco escolhido: faça um quadro com os principais temas, leis e programas citados nas análises dos professores.
- Monte fichas de exemplos: cada ficha contém um caso real, a lei correspondente e uma proposta de ação. Use essas fichas como “coringas” nas respostas.
- Treine a escrita: escreva respostas completas em até 30 linhas, depois compare com os comentários dos professores para identificar falhas.
- Feedback: se possível, peça a um colega ou a um professor para ler sua redação e apontar pontos de melhoria.
Esse método ajuda a transformar a teoria em prática, evitando aquele bloqueio na hora H.
O que esperar nos próximos passos do CNU 2025?
Após as provas discursivas, o calendário segue com avaliação de títulos, recursos e divulgação de resultados. Se você está pensando em se inscrever, fique atento às datas de autodeclaração (para vagas reservadas a negros, indígenas e quilombolas) e às etapas de recursos. O prazo final para recursos costuma ser apertado, então mantenha todos os documentos organizados.
Em resumo, o CNU 2025 oferece uma oportunidade incrível, mas requer preparo estratégico. Entender o que a banca espera, usar exemplos concretos e cuidar da estrutura da resposta são passos fundamentais para transformar o tema da prova em ponto extra.
Boa sorte, e que a sua preparação dê frutos – ou melhor, que a sua redação dê nota máxima!




