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Carro voador da Embraer: o que o empréstimo de R$ 200 mi do BNDES significa para a nossa mobilidade urbana

Carro voador da Embraer: o que o empréstimo de R$ 200 mi do BNDES significa para a nossa mobilidade urbana

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Quando eu li que o BNDES aprovou um financiamento de R$ 200 milhões para a Eve Air Mobility, a subsidiária da Embraer, eu confesso que quase caí da cadeira. Não é todo dia que a gente vê dinheiro público sendo direcionado para algo que parece ter saído de um filme de ficção científica: um carro que literalmente voa.

Do 14‑Bis ao eVTOL: um salto de 120 anos

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, fez uma comparação que me fez refletir: o primeiro voo do 14‑Bis, em 1906, foi o marco da aviação brasileira; agora, 120 anos depois, a mesma nação está apostando num veículo que pode mudar a forma como nos deslocamos nas cidades. O eVTOL (veículo elétrico de pouso e decolagem vertical) da Embraer tem tudo para ser a próxima revolução.

Como funciona o eVTOL?

Para quem ainda não está familiarizado, o eVTOL não é um helicóptero nem um avião convencional. Ele combina a autonomia de um carro com a capacidade de decolar e pousar verticalmente, usando motores elétricos. A versão que está sendo desenvolvida em Taubaté (São Paulo) tem capacidade para cinco pessoas – quatro passageiros e um piloto – e autonomia de cerca de 100 km. Isso significa que, em poucos minutos, ele pode fazer o trajeto entre bairros distantes, entre cidades vizinhas ou até entre um centro comercial e um aeroporto.

O que o financiamento cobre?

O BNDES dividiu os R$ 200 milhões em duas linhas de crédito:

  • R$ 160 milhões do Fundo Clima – voltado para projetos que reduzam as emissões de gases de efeito estufa.
  • R$ 40 milhões da linha Finem – que apoia projetos de inovação tecnológica.

Esses recursos vão acelerar a fase de integração dos motores elétricos e os testes de certificação junto à ANAC. Em termos práticos, significa que a Eve pode avançar mais rápido na construção do protótipo que será testado em voo, garantindo segurança e confiabilidade antes de receber o certificado de operação.

Por que isso importa para o cidadão comum?

Talvez você esteja se perguntando: “Tudo bem, mas eu não vou comprar um carro voador amanhã”. A resposta está na cadeia de efeitos que um projeto desse tipo gera:

  1. Redução de congestionamento: Se veículos de até 100 km puderem voar sobre o trânsito, as ruas ficam menos saturadas.
  2. Menor poluição: Motores elétricos não emitem gases nocivos, ao contrário de carros a combustão e helicópteros.
  3. Novas oportunidades de emprego: A fábrica em Taubaté já gera milhares de vagas, e a expansão da produção cria ainda mais postos em áreas como manutenção, software e logística.
  4. Desenvolvimento regional: Investimentos como esse reforçam a importância do Vale do Paraíba como polo de alta tecnologia, atraindo investimentos adicionais.

Desafios que ainda precisamos enfrentar

Não é todo caminho que é liso. Existem alguns obstáculos que precisam ser superados antes que o carro voador se torne parte do cotidiano:

  • Infraestrutura de pouso e decolagem: Será preciso criar “verti‑ports” – pequenos helipontos urbanos – que integrem o eVTOL ao transporte público tradicional.
  • Regulamentação: A ANAC ainda está definindo regras específicas para esses veículos. O alinhamento entre autoridades, fabricantes e cidades será crucial.
  • Custo para o usuário final: No início, o preço da viagem pode ser alto. A expectativa é que, com escala e concorrência, o valor caia.
  • Segurança: Embora os motores elétricos sejam mais confiáveis que os a combustão, ainda precisamos de protocolos robustos para situações de emergência.

O que a Eve já tem em mãos?

Além do apoio financeiro, a empresa já conta com 2,8 mil pedidos de encomenda de clientes em nove países. Isso mostra que há demanda real, não só curiosidade. O CFO da Eve, Eduardo Couto, destacou que o financiamento do BNDES vai acelerar a integração do sistema de propulsão elétrica – a etapa que, segundo ele, é “crítica” para garantir desempenho e segurança.

Um olhar para o futuro

Se tudo correr como planejado, o primeiro voo comercial do eVTOL da Embraer pode acontecer em 2026, com operação plena prevista para 2027. Imagine viver em São Paulo e, ao invés de ficar horas preso no trânsito da Marginal Tietê, você pode embarcar em um carro voador que te leva ao centro da cidade em 15 minutos, sobrevoando a avenida e evitando engarrafamentos.

Mas a revolução não para por aí. O sucesso desse projeto pode inspirar outras empresas a desenvolverem versões menores, talvez até com capacidade para duas pessoas, ou adaptarem o conceito para áreas rurais, facilitando o acesso a serviços de saúde e educação em regiões isoladas.

Como você pode se envolver?

Mesmo que ainda não seja possível comprar um bilhete, há formas de acompanhar e participar desse movimento:

  • Fique de olho nas notícias locais: O Vale do Paraíba tem um papel central, então os jornais da região costumam trazer atualizações.
  • Participe de debates públicos: As prefeituras estão começando a discutir a implantação de verti‑ports. Sua opinião pode influenciar o planejamento.
  • Invista em educação: Cursos de engenharia elétrica, aerodinâmica ou programação de drones são cada vez mais relevantes.
  • Compartilhe a informação: Conversar com amigos e familiares sobre o potencial dos eVTOL ajuda a criar demanda por políticas públicas que apoiem a tecnologia.

Conclusão

O financiamento de R$ 200 milhões do BNDES para a Eve Air Mobility não é apenas um número; é um sinal de que o Brasil está disposto a apostar em soluções de mobilidade mais limpas e inovadoras. Para quem vive na correria das grandes cidades, a ideia de substituir um engarrafamento de 30 minutos por um voo de 10 minutos parece um sonho que está cada vez mais próximo de se tornar realidade.

Claro, ainda há muitos detalhes a acertar – regulamentação, infraestrutura, custos – mas o caminho já está traçado. Se tudo evoluir como esperado, em menos de uma década poderemos olhar para o céu das nossas cidades e ver, ao invés de aviões comerciais, pequenos veículos elétricos cruzando o espaço urbano, conectando pessoas e lugares de forma mais rápida, segura e sustentável.

Eu, pessoalmente, estou animado para ver como essa tecnologia vai se desenrolar e, quem sabe, experimentar um desses voos nas próximas férias. E você, o que acha? Vai ser a solução para o caos do trânsito ou apenas mais um modismo? Deixe seu comentário e vamos conversar!