Você já percebeu como as marcas de bebidas não ficam só na propaganda de TV, mas também nas pistas de concertos, nos parques temáticos e até nas redes sociais? A Budweiser, gigante do setor, lançou um projeto chamado Bud Live que vai além de colocar a logo no copo: ela está criando experiências de música.
Hoje, vamos conversar sobre o show gratuito do Maroon 5 em São Paulo e entender o que isso significa para a cerveja, para os fãs e, principalmente, para a forma como as empresas pensam em marketing.
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## Por que a Budweiser está em um palco?
A ideia parece simples: a marca oferece um show exclusivo, sem cobrar ingresso, e usa isso para criar um vínculo mais próximo com o público. Mas há camadas de estratégia por trás.
### 1. Experiência como valor agregado
Quando a Budweiser paga tudo – desde o artista, a estrutura, a segurança e a alimentação – ela está apostando em uma experiência que vai além do consumo de cerveja.
– **Proximidade com o artista**: o “clima intimista” reduz a distância que normalmente existe entre o público e o performer.
– **Memória duradoura**: eventos inesquecíveis criam associações positivas que podem perdurar anos.
– **Engajamento nas redes**: o sucesso não mede bilheteria, mas sim conversas, likes e compartilhamentos.
A estratégia está em transformar cada fã em embaixador da marca. Quando alguém fala: “Eu fui no show da Budweiser”, a cerveja entra na conversa de forma orgânica.
### 2. Diferenciação em um mercado saturado
No Brasil, marcas de bebidas costumam usar slogans e promoções de preço. A Budweiser tenta se destacar ao associar sua identidade a um evento cultural que atrai um público que já valoriza música e entretenimento.
Além disso, a marca já tem histórico de patrocínio em eventos como Lollapalooza e Planeta Atlântida. O Bud Live é um “desdobramento” desse legado, mas com controle total da narrativa: a marca escolhe o artista, define o formato e cuida da comunicação.
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## O que acontece quando a marca controla tudo?
Quando a Budweiser decide não cobrar ingresso, ela abre uma porta de entrada para a frustração. Milhares de fãs podem ficar de fora, e isso gera risco de backlash.
### 1. Seleção de fãs
– **Critérios claros**: a empresa precisa comunicar de forma transparente como escolhe os 3 mil participantes.
– **Transparência**: se não houver clareza, a exclusividade pode virar escândalo.
O exemplo da Fórmula 1 no McDonald’s mostra como a falta de clareza pode gerar indignação nas redes.
### 2. Expectativa e entrega
Quando o ingresso é gratuito, o público espera uma experiência impecável. Se algo falhar – seja a organização, a logística ou até o clima – a marca fica na bad.
A Ambev já viu isso na Spaten Fight Night, onde a briga no ringue desviou o foco do evento e gerou críticas.
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## O que os especialistas dizem?
Marcos Henrique Bedendo, especialista em branding, descreve esses eventos como “marketing de experiência”. Ele destaca que a memória que permanece é mais poderosa que qualquer campanha publicitária tradicional.
**Prós**
– **Impacto duradouro**: memórias de um show íntimo geram lealdade.
– **Branding direto**: o nome do evento carrega a marca, ampliando o alcance.
**Contras**
– **Custo elevado**: trazer um artista internacional, montar a estrutura e garantir segurança não é barato.
– **Gestão da frustração**: a exclusividade gera descontentamento.
– **Risco de reputação**: falhas são imediatamente associadas à marca.
O equilíbrio entre custo e benefício é a chave. A Budweiser precisa garantir que a experiência gere engajamento suficiente para compensar o investimento.
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## Outras marcas que se aventuraram em territórios diferentes
Não é apenas a Budweiser que está cruzando fronteiras. Veja alguns exemplos:
– **Cacau Show**: investiu R$ 2 bilhões em um parque de diversões.
– **Natura**: transformou a Casa Natura Musical em um espaço cultural.
– **Spaten Fight Night**: a Ambev tentou criar um evento de boxe que acabou em confusão.
Esses casos mostram que a diversificação pode trazer grandes recompensas, mas também exige planejamento detalhado.
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## O que isso significa para você, consumidor?
Se você é fã de Maroon 5, pode ter se perguntado se vale a pena participar da seleção. Se você não for escolhido, é normal sentir um pouco de decepção. Mas há benefícios indiretos:
1. **Acesso a conteúdo exclusivo**: o evento pode trazer conteúdos que não aparecem em plataformas de streaming.
2. **Conexão com a comunidade**: participar de um evento que reúne pessoas com interesses semelhantes cria senso de pertencimento.
3. **Marketing de boca a boca**: quem não vai, mas conhece quem foi, pode espalhar a história, gerando mais interesse pela marca.
Além disso, se você costuma consumir cerveja, a marca pode estar tentando posicionar sua bebida como parte de momentos de lazer e celebração.
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## Estratégias para minimizar riscos
Para que o Bud Live seja um sucesso, a Budweiser pode adotar algumas táticas:
– **Comunicação transparente**: explicar como funciona a seleção e quem será contemplado.
– **Gestão de expectativas**: usar vídeos de bastidores, entrevistas com o artista e demonstrações da qualidade do palco.
– **Backup de logística**: ter planos de contingência para problemas de clima ou de última hora.
– **Acompanhamento pós-evento**: enviar pesquisas de satisfação, fotos e vídeos para os participantes, mantendo o engajamento.
Essas medidas reduzem a frustração e aumentam a probabilidade de uma experiência positiva.
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## O impacto a longo prazo
O objetivo final de qualquer iniciativa de marketing de experiência é criar uma relação emocional com o consumidor. Se a Budweiser consegue fazer isso, o efeito pode se traduzir em:
– **Aumento da preferência de marca**: consumidores tendem a escolher a marca que oferece momentos memoráveis.
– **Vendas sustentáveis**: embora o evento não seja lucrativo direto, a associação positiva pode impulsionar vendas em períodos de alta demanda.
– **Diferenciação**: em um mercado competitivo, a marca se destaca como inovadora e culturalmente engajada.
Mas, se o evento falhar, a reputação pode sofrer. Por isso, o sucesso do Bud Live dependerá de execução impecável e de estratégias de mitigação de riscos.
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## Conclusão: vale a pena apostar em shows gratuitos?
A Budweiser está testando um modelo que tem se tornado cada vez mais comum: marcas que investem em experiências culturais para se aproximar do público. Se bem executado, o Bud Live pode fortalecer a identidade da cerveja e criar memórias duradouras.
No entanto, o caminho não é livre de obstáculos. Custos altos, gestão de expectativas e risco de reputação são desafios reais. A marca precisa equilibrar esses fatores para que o retorno seja mais que apenas um número de likes.
Para nós, consumidores, essa estratégia nos lembra que a publicidade evolui. Em vez de apenas colocar um anúncio, as empresas agora tentam nos oferecer momentos que valem a pena lembrar.
E você, já participou de algum evento patrocinado por uma marca? Como foi a experiência? Compartilhe nos comentários – vamos trocar ideias!
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