Eu sempre fico animado com a Black Friday. Descontos, promoções e a sensação de estar fazendo um bom negócio são irresistíveis. Mas, nos últimos anos, comecei a notar um outro lado desse feriado de consumo: a presença de produtos que não têm a aprovação da Anatel. Recentemente, a agência e a Receita Federal apreenderam mais de 4 mil itens em centros de distribuição do Mercado Livre, Shopee e Amazon. Isso pode parecer um detalhe técnico, mas tem implicações bem práticas para quem, como eu, faz compras pela internet.
O que foi apreendido?
Segundo o relatório da Anatel, foram encontrados 4.226 itens irregulares, entre eles carregadores de bateria, câmeras sem fio, equipamentos de rede, transceptores, power banks, TV Box e smartwatches. Em números, a maior parte (2.569) estava no centro de distribuição do Mercado Livre, 325 na Shopee e 332 na Amazon. Os centros fiscalizados ficam em Araucária (PR), Brasília (DF) e Franco da Rocha (SP). Além desses, mais de 20 mil produtos que já tinham a homologação foram inspecionados, mostrando que a operação foi bem abrangente.
Por que isso importa para o consumidor?
Quando você compra um carregador ou um smartwatch que não passou pela homologação da Anatel, está colocando em risco a sua segurança e a dos seus dispositivos. Produtos não homologados podem superaquecer, causar curtos-circuitos ou simplesmente não funcionar como prometido. Além disso, a garantia costuma ser inexistente, e se algo der errado, a responsabilidade recai sobre o vendedor ou o próprio marketplace, que nem sempre tem um canal de suporte ágil.
Como as plataformas reagiram?
As três gigantes do e‑commerce deram declarações públicas. O Mercado Livre afirmou que compartilhou os dados dos vendedores envolvidos e que está em “constante aprimoramento” para eliminar produtos irregulares. A Shopee destacou que investiga cada caso e retira itens que violem as regras. Já a Amazon reforçou que exige licenças e aprovações de todos os vendedores do seu marketplace.
Mas será que isso basta?
É legal que as empresas mostrem boa vontade, mas a realidade ainda é que o volume de produtos vendidos por terceiros é gigantesco. Mesmo que a Anatel tenha conseguido apreender 4 mil itens, isso representa apenas uma fração do que circula nos marketplaces. Em 2024, a operação “Produto Legal” encontrou 22 mil produtos irregulares no mesmo período. Embora o número tenha caído em 2025, ainda há muito caminho a percorrer.
O que você pode fazer ao comprar?
- Cheque a certificação: antes de finalizar a compra, procure o número de homologação da Anatel na descrição do produto.
- Prefira vendedores com boa reputação: avaliações altas e histórico de vendas confiável costumam ser um indicativo de que o vendedor segue as normas.
- Desconfie de preços muito baixos: se o preço parece bom demais para ser verdade, pode ser sinal de que o produto não tem a certificação necessária.
- Use o canal de reclamação da plataforma: caso identifique um item suspeito, denuncie imediatamente. Isso ajuda a Anatel a agir mais rápido.
Impacto no setor de logística
Um ponto que a própria notícia trouxe à tona é a necessidade de mais espaços de armazenagem para inspeção. Os centros de distribuição são gargalos: quanto mais itens passam por lá, mais difícil é garantir que todos estejam em conformidade. Investir em infraestrutura de checagem, como salas de teste e equipes especializadas, pode ser caro, mas é essencial para evitar que produtos inseguros cheguem ao consumidor final.
Perspectivas para o futuro
Eu acredito que a pressão dos consumidores vai forçar os marketplaces a adotar processos ainda mais rigorosos. A tecnologia pode ser aliada: uso de IA para analisar descrições, rastrear históricos de vendedores e identificar padrões de irregularidade. Além disso, a própria Anatel pode ampliar sua atuação, exigindo que os vendedores apresentem certificados digitais antes de colocar produtos à venda.
Conclusão
Em resumo, a apreensão de mais de 4 mil produtos na Black Friday serve como um alerta: nem tudo que brilha na internet é seguro. Como comprador, vale a pena dedicar alguns minutos a verificar a homologação e a reputação do vendedor. Para as plataformas, o desafio está em equilibrar a velocidade de entrega com a responsabilidade de garantir a qualidade dos itens. E para o setor logístico, a mensagem é clara – é preciso mais espaço e mais recursos para inspeção.
Se você já passou por alguma situação em que recebeu um produto que não funcionou ou apresentou risco, compartilhe nos comentários. Trocar experiências ajuda a todos a ficarem mais atentos e a exigir um comércio eletrônico mais seguro.




