Quando a pandemia chegou, o home office virou a solução salva‑vidas para milhões de trabalhadores. No Brasil, bancos, fintechs e até escritórios de advocacia passaram a adotar o modelo híbrido ou totalmente remoto. Agora, o Bradesco anunciou que, a partir de janeiro de 2026, quase 900 funcionários terão que voltar ao escritório. O que está por trás dessa decisão? Como isso afeta a vida dos bancários e, quem sabe, a sua também?
O que exatamente mudou?
Segundo o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, 844 funcionários do departamento de investimentos e 50 da tesouraria – todos alocados na capital e na região de Osasco – deixarão de trabalhar de casa. O banco explicou que cada área definirá sua “matriz ideal de dias presenciais e remotos”, mas, para esses setores, a regra será 100% presencial.
Por que o Bradesco está revertendo a tendência?
Não há um único motivo mágico, mas alguns fatores costumam aparecer quando grandes instituições decidem mudar de rumo:
- Controle de produtividade: embora muitas pesquisas mostrem que a performance pode ser mantida ou até melhorar no home office, alguns gestores ainda sentem que a presença física facilita o acompanhamento de metas.
- Segurança e compliance: áreas como investimentos e tesouraria lidam com informações sensíveis. Ter tudo sob o mesmo teto pode reduzir riscos de vazamento de dados.
- Colaboração e cultura: o contato cara a cara ainda é visto como essencial para criar laços, trocar ideias rapidamente e manter a identidade da empresa.
O Bradesco, que tem mais de 82 mil funcionários, já opera em um modelo híbrido para cerca de 50% da força‑trabalho. Essa mudança, portanto, não é um retorno total ao passado, mas um ajuste pontual em áreas estratégicas.
O panorama no setor bancário brasileiro
O Bradesco não está sozinho. Nos últimos meses, outras instituições financeiras anunciaram decisões parecidas:
- Nubank: a fintech informou que, a partir do segundo semestre de 2026, todos os colaboradores deverão estar no escritório pelo menos dois dias por semana. A empresa vai investir pesado em novos escritórios em São Paulo, Cidade do México, Bogotá e até nos EUA.
- Itaú: o banco demitiu cerca de mil funcionários que atuavam em regime híbrido ou remoto, alegando “revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada”.
Essas movimentações mostram que o mercado ainda está buscando o ponto de equilíbrio entre flexibilidade e controle.
Como isso pode impactar a sua vida profissional
Mesmo que você não trabalhe no Bradesco, a notícia traz alguns insights úteis para quem está avaliando opções de carreira ou negociando condições de trabalho:
- Negocie a política de presença: ao receber uma proposta, pergunte como a empresa define o número de dias presenciais. Muitas vezes, há espaço para acordo, especialmente se você tem um histórico de alta performance.
- Invista em competências que valorizam o presencial: habilidades como networking interno, facilitação de reuniões presenciais e gestão de projetos presenciais podem se tornar diferenciais.
- Fique atento às mudanças de cultura: empresas que mudam a política de home office podem estar revisando também sua estrutura de bônus, avaliação de desempenho e até o layout dos escritórios.
- Planeje sua logística: se a sua empresa decidir aumentar a presença física, avalie custos de deslocamento, tempo de trajeto e qualidade de vida. Às vezes, vale a pena buscar oportunidades em cidades com melhor infraestrutura de transporte.
Próximos passos para os bancários do Bradesco
O sindicato prometeu acompanhar de perto a transição. A presidente Neiva Ribeiro descreveu a medida como “uma péssima notícia de fim de ano para os bancários e suas famílias”. Ela também ressaltou que o retorno deve acontecer “com condições estruturais e organizacionais adequadas”.
Na prática, isso significa que o banco deverá garantir que os escritórios estejam preparados – com salas de reunião, tecnologia adequada e, quem sabe, benefícios como alimentação ou transporte subsidiado. Ainda não há detalhes, mas a expectativa é que o diálogo entre liderança e funcionários seja intenso nas próximas semanas.
O futuro do trabalho no Brasil: híbrido, remoto ou presencial?
O debate não termina aqui. O que vemos é um cenário de experimentação constante. Algumas empresas continuam 100% remotas, outras adotam o híbrido em diferentes proporções, e algumas ainda mantêm o modelo tradicional presencial.
Para quem está no mercado de trabalho, a lição principal é a adaptabilidade. Se você conseguir se mover entre esses diferentes formatos, terá mais segurança e opções. Por outro lado, se sua preferência for o home office, talvez seja hora de buscar oportunidades em empresas que já abraçaram esse modelo como parte central da cultura.
Conclusão
O fim do home office para quase 900 funcionários do Bradesco é um sinal de que o setor bancário ainda está testando o melhor caminho. Não se trata de um retrocesso absoluto, mas de um ajuste fino que pode trazer mais segurança, colaboração e controle para áreas críticas. Para o resto de nós, a notícia serve de alerta: a política de trabalho remoto não é mais um “direito” garantido, mas um benefício negociável que pode mudar conforme as necessidades do negócio.
Se você está pensando em mudar de emprego, renegociar seu contrato ou simplesmente quer entender como essas tendências afetam seu dia a dia, fique de olho nas decisões dos grandes bancos. Eles costumam ser precursores de mudanças que, eventualmente, chegam a outras indústrias.
E, claro, não deixe de acompanhar as próximas discussões do sindicato na terça‑feira (9). Elas podem trazer mais detalhes sobre como será feita a transição e quais direitos os trabalhadores terão garantidos.
Em um mundo onde o trabalho está cada vez mais flexível, saber ler esses sinais pode ser a diferença entre uma carreira estável e uma cheia de surpresas – boas ou ruins.
