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PIB da Argentina cresce 3,3% no 3º trimestre: o que isso significa para a gente?

PIB da Argentina cresce 3,3% no 3º trimestre: o que isso significa para a gente?

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Na última terça‑feira (16), o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país subiu 3,3% no terceiro trimestre de 2023, comparado ao mesmo período do ano passado. O número ficou um pouquinho abaixo das 3,5% que os analistas esperavam, mas ainda é um sinal de que a economia está tentando se recuperar depois da recessão que terminou no fim de 2022.

Por que esse crescimento importa?

Talvez você se pergunte: “E daí? Eu moro no Brasil, o que esse dado argentino tem a ver comigo?” A resposta é mais simples do que parece. A Argentina é a terceira maior economia da América Latina, logo atrás do Brasil e do México. Quando o PIB argentino se move, isso mexe com exportações, investimentos regionais e até com a cotação do peso em relação ao real. Entender o que está acontecendo lá pode nos ajudar a prever tendências de comércio, turismo e até oportunidades de investimento.

O que impulsionou esse 3,3%?

O relatório do Indec destaca três motores principais:

  • Investimento fixo bruto: o setor viu um “forte avanço”, ou seja, as empresas estão colocando mais dinheiro em máquinas, fábricas e infraestrutura.
  • Setor financeiro: bancos e instituições de crédito tiveram resultados positivos, o que costuma indicar maior disponibilidade de crédito para consumidores e empresas.
  • Mineração, extração e hospedagem/alimentação: esses segmentos cresceram, ajudando a compensar a fraqueza de outros setores.

Em termos práticos, isso quer dizer que há mais dinheiro circulando, mais gente empregada em construção ou em hotéis, e mais crédito para quem quer comprar um carro ou abrir um pequeno negócio.

Comparativo com o trimestre anterior

Se olharmos apenas para o último trimestre, o PIB subiu 0,3% em relação ao segundo trimestre. Pode parecer pouco, mas é importante lembrar que a Argentina ainda carrega o peso de políticas de austeridade muito rígidas, implementadas pelo governo de Javier Milei. Cada ponto percentual ganha aqui representa um alívio para um povo que vive sob pressão inflacionária.

O contexto político: Milei e as eleições de meio de mandato

O crescimento econômico não acontece em um vácuo. No fim de outubro, as eleições legislativas de meio de mandato deram uma vitória expressiva ao partido do presidente Javier Milei. Mesmo com medidas de austeridade que apertam o bolso da população, os eleitores mostraram apoio à agenda de reformas econômicas do governo.

Esse apoio tem duas implicações diretas:

  • Estabilidade política: um governo com respaldo no Congresso tem mais espaço para avançar com reformas estruturais, como a desregulamentação de alguns setores e a tentativa de estabilizar a moeda.
  • Confiança dos investidores: quando o mercado vê que o presidente tem força política, ele costuma reagir positivamente. De fato, os ativos argentinos dispararam logo após a divulgação dos resultados eleitorais.

Desafios que ainda persistem

Apesar do crescimento, a situação não é de festa. O consumo interno ainda está sob pressão e a produção industrial não voltou ao ritmo pré‑crise. Além disso, a inflação continua alta, o que corrói o poder de compra da população.

Alguns dos principais obstáculos são:

  • Inflação crônica: mesmo com a política de austeridade, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ainda registra números de dois dígitos.
  • Dívida externa: o país tem que honrar pagamentos em dólares, o que pressiona ainda mais a balança comercial.
  • Falta de confiança no peso: a moeda local continua vulnerável a desvalorizações bruscas, o que afeta importações e custos de produção.

Projeções para 2025

O governo de Milei tem metas ambiciosas: espera que a economia cresça 5,4% em 2025. Já a pesquisa de expectativas de mercado (REM), feita pelo Banco Central, projeta um crescimento de 4,4%.

Essas projeções são otimistas, mas não impossíveis. Se o investimento continuar forte, se a política fiscal conseguir controlar a inflação e se as reformas estruturais avançarem, a Argentina pode fechar a década com um ritmo de crescimento acima da média latino‑americana.

O que isso significa para o leitor brasileiro?

Para quem mora no Brasil, há alguns pontos práticos a observar:

  • Comércio exterior: um PIB argentino em alta pode abrir portas para exportadores brasileiros, especialmente nos setores de agroindústria e tecnologia.
  • Turismo: com a economia mais saudável, os argentinos tendem a viajar mais para o Brasil, impulsionando o setor de serviços nas cidades de fronteira.
  • Investimentos: fundos de investimento que incluem ativos argentinos podem se tornar mais atraentes, mas é preciso ficar atento ao risco cambial.

Em resumo, acompanhar a evolução econômica da Argentina ajuda a tomar decisões mais informadas, seja na hora de fechar um contrato de exportação, planejar uma viagem ou diversificar a carteira de investimentos.

Conclusão

O crescimento de 3,3% no terceiro trimestre mostra que a Argentina está saindo da recessão, ainda que de forma cautelosa. O apoio político ao presidente Milei indica que as reformas econômicas têm força para avançar, mas os desafios – inflação, dívida e confiança no peso – continuam sendo obstáculos reais.

Para nós, brasileiros, o que fica claro é que a saúde econômica da Argentina tem reflexos diretos no nosso comércio, turismo e até nas oportunidades de investimento. Manter o olho nos números argentinos pode ser tão útil quanto acompanhar o PIB do nosso próprio país.

E você, já percebeu algum efeito desse cenário na sua rotina? Seja na importação de produtos, nas viagens ou nos investimentos, vale a pena ficar de olho nas próximas notícias.