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Petshop gigante: o que a fusão Petz + Cobasi significa para quem ama animais

Petshop gigante: o que a fusão Petz + Cobasi significa para quem ama animais

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Quando ouvi a notícia de que a Petz e a Cobasi vão se juntar, confesso que minha primeira reação foi de curiosidade – e um pouquinho de preocupação. Afinal, quem tem um bichinho de estimação costuma se preocupar com preço, qualidade e variedade dos produtos. Uma fusão que cria a maior rede de petshops do Brasil pode mudar o jeito que compramos ração, brinquedos e até serviços veterinários.

Um pouco de contexto

A Petz, fundada em 2002, já era a maior rede física de produtos para pets do país, com mais de 400 lojas espalhadas por cerca de 20 estados. A Cobasi, por sua vez, tem raízes mais antigas (desde 1972) e também uma presença forte, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Quando as duas empresas anunciaram a intenção de se unir, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) precisou analisar se a operação poderia gerar um monopólio que prejudicasse a concorrência.

O Cade aprovou a fusão, mas com uma condição importante: a venda de 26 lojas da Petz no estado de São Paulo. Essa medida tem o objetivo de reduzir a concentração de mercado e garantir que ainda existam opções para o consumidor.

Por que o Cade exigiu a venda das lojas?

  • Concentração excessiva: antes da fusão, a soma das duas empresas já representava cerca de 30% do faturamento total do setor pet no Brasil. A união poderia elevar esse número a quase 40% em algumas regiões.
  • Preservar a concorrência: ao manter um número mínimo de concorrentes, o Cade evita que os preços subam artificialmente ou que a qualidade dos serviços diminua.
  • Interesse de terceiros: o próprio Cade apontou que outras empresas, inclusive a rival Petlove, demonstraram interesse em adquirir as lojas que serão vendidas.

Essas lojas representam apenas 3,3% do faturamento combinado das duas companhias nos últimos 12 meses, mas a presença delas em São Paulo – o estado mais populoso e economicamente mais forte do Brasil – tem peso estratégico.

O que muda na prática para quem compra para seu pet?

Para quem tem um cachorro, gato, peixe ou até um hamster, a fusão traz alguns efeitos diretos:

  1. Mais variedade em um único lugar: a nova rede terá um portfólio ampliado, combinando as linhas de produtos exclusivos de cada marca. Isso pode significar mais opções de ração premium, brinquedos inovadores e acessórios de saúde.
  2. Possível ajuste de preços: em um cenário de maior poder de compra, a empresa pode conseguir negociar melhores condições com fornecedores e repassar descontos ao consumidor. Por outro lado, se a concorrência diminuir, há risco de aumento de preços em alguns itens.
  3. Expansão de serviços: tanto a Petz quanto a Cobasi já oferecem serviços de banho, tosa e clínicas veterinárias. A união pode levar à padronização desses serviços, com mais unidades oferecendo consultas, exames e até planos de saúde animal.
  4. Programas de fidelidade integrados: quem já acumula pontos no programa da Petz poderá usar em lojas da Cobasi e vice‑versa, facilitando a troca de benefícios.

Mas nem tudo são flores. A rival Petlove, que atua principalmente online, entrou com uma contestação alegando que a nova empresa será “30 vezes maior que o terceiro colocado”. A preocupação deles é que a concentração excessiva pode reduzir a variedade de ofertas e prejudicar o consumidor.

Como a Petlove pode influenciar o futuro do mercado?

A Petlove tem um modelo de negócio diferente: forte presença digital, entrega rápida e lojas físicas menores, focadas em regiões estratégicas. Se a empresa conseguir comprar algumas das lojas que o Cade está exigindo que a Petz venda, pode ganhar ainda mais força no varejo físico, equilibrando o cenário.

Além disso, a Petlove costuma investir em tecnologia – como aplicativos de agendamento de consultas e plataformas de assinatura de ração. Caso ela se torne um comprador relevante das lojas paulistas, poderemos ver uma integração entre o mundo online e offline ainda mais fluida, o que seria ótimo para quem prefere comprar pela internet mas ainda quer retirar o produto na loja.

Impactos para o setor e para a economia

Do ponto de vista macroeconômico, a criação da maior rede de petshops da América Latina tem alguns reflexos interessantes:

  • Geração de empregos: a expansão da rede pode criar vagas, tanto nas lojas físicas quanto nas áreas de logística e atendimento ao cliente.
  • Investimento em inovação: com maior caixa, a empresa pode investir em pesquisas sobre nutrição animal, produtos sustentáveis (como rações à base de insetos) e tecnologias de monitoramento de saúde.
  • Competitividade internacional: ao se tornar uma das maiores da América Latina, a rede pode olhar para fora, talvez abrir lojas em outros países ou exportar marcas brasileiras de pet care.

Entretanto, o risco de “domínio de mercado” ainda paira. Se a concorrência for reduzida demais, o consumidor pode sentir o impacto em preços e qualidade de serviço. Por isso, o acompanhamento do Cade será crucial nos próximos anos.

O que eu, como dono de pet, devo ficar de olho?

Eu costumo comprar ração e brinquedos tanto online quanto nas lojas físicas da Petz. Agora, com a fusão, vou observar alguns pontos:

  • Promoções e descontos: compare preços antes e depois da fusão. Se houver queda, aproveite.
  • Qualidade do atendimento: veja se as lojas mantêm o padrão de serviço que eu já conheço. Uma rede maior pode significar treinamento mais padronizado, mas também pode haver períodos de transição.
  • Novos produtos: fique atento ao lançamento de linhas exclusivas que combinam o melhor das duas marcas.
  • Feedback da comunidade: participe de grupos de tutores nas redes sociais. Eles costumam compartilhar experiências de preço e disponibilidade de produtos.

Em resumo, a fusão Petz + Cobasi tem o potencial de transformar o mercado pet brasileiro. Se bem regulada, pode trazer mais opções, preços mais competitivos e serviços de qualidade. Se a concorrência for prejudicada, podemos enfrentar preços mais altos e menos variedade. O papel do Cade, das empresas concorrentes como a Petlove e da própria comunidade de tutores será decisivo para garantir que o resultado final seja positivo para nossos bichinhos.

Conclusão

Eu vejo essa notícia como um sinal de que o setor pet está crescendo rapidamente – o Brasil já tem mais de 140 milhões de animais de estimação, e o consumo anual ultrapassa R$ 70 bilhões. Quando duas gigantes se unem, o mercado sente o impacto. Mas, como consumidores, temos poder: escolher onde comprar, exigir transparência nos preços e apoiar marcas que realmente se importam com o bem‑estar dos nossos amigos de quatro (ou duas) patas.

Fique de olho nas próximas notícias, principalmente nas decisões do Cade sobre a venda das lojas em São Paulo. E, claro, continue dando aquele carinho extra ao seu pet – afinal, eles são o motivo de tudo isso acontecer.