Você provavelmente já passou por uma loja da Petz ou da Cobasi quando precisou comprar ração, brinquedo ou um remédio para o seu bichinho. Agora, imagina essas duas gigantes unidas em uma única empresa. Foi isso que aconteceu nesta quarta‑feira (10), quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a fusão, criando a maior rede de petshops do país.
Por que essa fusão chamou tanto a atenção?
Não é só mais uma operação de mercado. Estamos falando de mais de 480 lojas espalhadas por cerca de 20 estados. Em termos de volume, isso representa mais de 3,3% do faturamento combinado das duas empresas nos últimos 12 meses. E, claro, quando um negócio atinge esse tamanho, todo mundo quer saber como isso vai impactar o consumidor, a concorrência e até o preço dos produtos.
O que o Cade exigiu para liberar o acordo
Como costuma acontecer, o órgão regulador não deu o aval livremente. Ele impôs algumas condições para evitar que o mercado ficasse muito concentrado. A principal delas foi a venda de 26 lojas no estado de São Paulo. Essa medida tem o objetivo de reduzir a participação de mercado da nova empresa e garantir que ainda haja concorrência suficiente na região.
- As lojas vendidas representam apenas 3,3% do faturamento total, mas são estratégicas para manter a disputa saudável.
- O Cade recebeu propostas de compra, inclusive da própria rival Petlove, que já havia contestado a operação.
- Além da venda, foram incluídos “compromissos comportamentais”, como a manutenção de preços justos em medicamentos e produtos de saúde animal.
Petlove não ficou feliz – e tem motivos
A rival Petlove, que atua principalmente online mas também tem lojas físicas no Sudeste e Sul, enviou uma petição ao Cade alegando que a venda de até 28 lojas não seria suficiente para preservar a concorrência. Segundo eles, a nova empresa será 30 vezes maior que o terceiro colocado, o que poderia “comprometer o mercado” e prejudicar tanto concorrentes quanto consumidores.
Apesar das críticas, o presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, afirmou que há interessados na compra das lojas que serão vendidas, o que dá mais segurança para aprovar o negócio. Ele também destacou que o acordo inclui um “pacote comportamental duro”, referindo‑se principalmente a medicamentos, mas sem entrar em detalhes.
O que isso muda na prática para quem tem pet?
Para quem tem um cachorro, gato, peixe ou até um hamster, a fusão pode trazer benefícios e desafios. Vamos separar os dois lados:
Possíveis vantagens
- Mais opções de produtos: a união das linhas de produtos das duas marcas pode ampliar o sortimento nas lojas.
- Melhor logística: com uma rede maior, é provável que a distribuição seja mais eficiente, reduzindo faltas de estoque.
- Programas de fidelidade integrados: quem já acumula pontos na Petz ou na Cobasi pode, no futuro, usar em qualquer loja da rede.
- Preços mais competitivos: a concorrência interna pode pressionar a empresa a oferecer promoções mais agressivas.
Possíveis desvantagens
- Menos concorrência local: em cidades onde a nova rede for dominante, pode haver menos alternativas para o consumidor.
- Risco de aumento de preços em produtos de alta margem, como medicamentos, se a empresa não for monitorada de perto.
- Uniformização de serviços, o que pode reduzir a diversidade de ofertas regionais.
Como a regulação pode proteger o consumidor
O papel do Cade é justamente equilibrar esses pontos. O acordo firmado (ACC) inclui cláusulas que obrigam a empresa a:
- Manter preços de medicamentos dentro de faixas razoáveis.
- Garantir que as lojas vendidas sejam realmente transferidas para concorrentes ou novos entrantes.
- Responder rapidamente a reclamações de consumidores sobre práticas abusivas.
Além disso, o relator do processo, José Levi Mello do Amaral, destacou que o acordo “parece bom, porque garante uma situação concorrencial melhor” do que a atual. Isso significa que, apesar da concentração, o órgão acredita que as medidas mitigam os riscos.
O que esperar nos próximos meses
Mesmo com a aprovação, a fusão ainda está em fase de implementação. Algumas coisas que podem acontecer:
- Integração de sistemas: as duas empresas precisarão alinhar seus softwares de gestão, estoques e programas de fidelidade.
- Rebranding de lojas: algumas unidades podem mudar de nome ou identidade visual para refletir a nova marca.
- Novas aquisições: com a estrutura ampliada, a rede pode buscar comprar outras lojas menores ou startups de pet tech.
- Monitoramento do Cade: o órgão continuará acompanhando o desempenho da empresa e pode impor sanções se as regras não forem cumpridas.
O ponto de vista do investidor
As ações da Petz subiram 2,4% antes de serem suspensas pela B3, sinalizando que o mercado recebeu a notícia de forma positiva. Para investidores, a fusão representa uma oportunidade de crescimento, mas também traz incertezas sobre a regulação e a aceitação dos consumidores.
Se você tem interesse em investir no setor de pet shop, vale ficar de olho nos relatórios trimestrais da nova empresa, nas decisões do Cade e nas reações dos concorrentes, como a Petlove.
Resumo rápido para quem tem pressa
- Fusão aprovada pelo Cade, criando a maior rede de petshops do Brasil.
- Condição: venda de 26 lojas em São Paulo para manter a concorrência.
- Petlove contestou, mas o Cade considerou que há compradores interessados.
- Benefícios potenciais: mais produtos, melhor logística, preços competitivos.
- Riscos: menos concorrência local, possibilidade de aumento de preços em medicamentos.
Em resumo, a união da Petz e da Cobasi pode mudar o jeito como compramos tudo para nossos animais de estimação. Para quem acompanha o mercado, vale acompanhar as próximas etapas e, claro, ficar de olho nas promoções que podem surgir dessa nova força.




