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Larry Ellison perde R$ 168 bi em um dia: o que a queda da Oracle revela para o mundo dos bilionários

Larry Ellison perde R$ 168 bi em um dia: o que a queda da Oracle revela para o mundo dos bilionários

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Na última quinta‑feira (11), a notícia que deu o que falar nos corredores de Wall Street foi bem simples: Larry Ellison, cofundador da Oracle, viu sua fortuna despencar US$ 31 bi (cerca de R$ 168 bi). Em termos práticos, isso fez com que ele caísse da segunda para a terceira posição no ranking da Forbes. Mas, mais do que números impressionantes, o que essa movimentação nos conta sobre o mercado de tecnologia, investimentos em IA e até a nossa vida cotidiana?

Um resumo rápido do que aconteceu

  • Patrimônio antes da queda: US$ 280,5 bi (R$ 1,52 trilhão).
  • Patrimônio após a queda: US$ 249,5 bi (R$ 1,353 trilhão).
  • Motivo: queda de mais de 10 % nas ações da Oracle após divulgação de resultados abaixo das expectativas.

Com a Oracle valendo menos, a parte que Ellison detém – cerca de 41 % das ações – também vale menos. Quando o preço da ação despenca, a fortuna de quem tem a maior fatia da empresa acompanha a mesma trajetória, quase que instantaneamente.

Por que as ações da Oracle caíram?

O relatório trimestral da Oracle trouxe duas notícias que assustaram investidores:

  1. Desempenho abaixo do esperado: a receita e o lucro ficaram aquém das projeções de analistas, principalmente nas áreas de nuvem e inteligência artificial.
  2. Gastos agressivos em IA: a empresa está investindo pesado em pesquisa e desenvolvimento, mas ainda não mostrou um retorno claro desses investimentos.

Além disso, a Oracle tem usado dívida para financiar sua estratégia de expansão em IA. Em tempos de incerteza, investidores tendem a fugir de empresas que carregam altos níveis de endividamento, especialmente quando o retorno ainda não é evidente.

O ranking da Forbes e a dança dos bilionários

Com a queda, Ellison foi superado por Larry Page, cofundador do Google, que agora ocupa a segunda colocação com US$ 256,7 bi. O top‑5 ficou assim:

  • Elon Musk – US$ 491,9 bi
  • Larry Page – US$ 256,7 bi
  • Larry Ellison – US$ 249,5 bi
  • Jeff Bezos – US$ 241,9 bi
  • Sergey Brin – US$ 236,8 bi

Esses números são impressionantes, mas vale lembrar que a maior parte da riqueza desses magnatas está atrelada a ações de suas próprias empresas. Quando o mercado oscila, a lista pode mudar de um dia para o outro – algo que, para a maioria de nós, parece quase surreal.

E o que isso tem a ver comigo?

Talvez você pense: “Isso não me afeta, eu não tenho ações da Oracle”. Mas a verdade é que a dinâmica que move a fortuna de Ellison também afeta o seu bolso, ainda que indiretamente.

  • Mercado de trabalho: empresas que investem pesado em IA podem criar novas oportunidades de carreira, mas também podem gerar cortes em áreas que ainda não se adaptam à tecnologia.
  • Investimentos: se você tem fundos de investimento ou ações de empresas de tecnologia, a volatilidade de gigantes como Oracle pode puxar seu portfólio para cima ou para baixo.
  • Preço de produtos/serviços: à medida que as grandes corporações ajustam suas estratégias, os custos de softwares empresariais ou serviços de nuvem podem mudar – e isso pode acabar refletindo nos preços que as pequenas empresas pagam.

Em resumo, o sobe e desce dos bilionários funciona como um termômetro do clima econômico global. Quando eles perdem, muitas vezes há sinais de cautela que chegam até nós, consumidores e pequenos investidores.

Um breve histórico da Oracle

A Oracle nasceu em 1977, em Santa Clara, Califórnia, com o nome de Relational Software Inc. – um escritório de 83 m² onde Larry Ellison, Bob Miner e Ed Oates começaram a desenvolver bancos de dados relacionais. Em 1982, a empresa mudou o nome para Oracle Corporation e, cinco anos depois, já estava listada na Nasdaq.

Hoje, a Oracle é líder mundial em gerenciamento de bancos de dados, servidores e serviços de nuvem. Seu valor de mercado chega a US$ 566 bi (dados de dezembro 2025), competindo diretamente com Microsoft, Amazon, SAP e Salesforce. Além disso, a Oracle fornece infraestrutura de nuvem para a xAI, startup de IA fundada por Elon Musk, reforçando ainda mais seu papel no ecossistema de inteligência artificial.

Investimentos em IA: promessa ou risco?

A grande aposta da Oracle – e de outras gigantes de tecnologia – é que a IA será o motor de crescimento nos próximos anos. No entanto, transformar investimento em pesquisa em lucro real leva tempo. Enquanto algumas empresas conseguem monetizar rapidamente (como a OpenAI com o ChatGPT), outras ainda precisam provar que seus produtos vão gerar receita sustentável.

Para investidores, isso significa que empresas que gastam muito em IA podem ser “coringas” de risco: potencial de alta valorização, mas também vulneráveis a quedas bruscas caso os resultados demorem a aparecer.

O futuro de Larry Ellison e da Oracle

Ellison tem um histórico de resiliência. Em setembro de 2024, ele chegou perto de Elon Musk, quando as ações da Oracle dispararam e sua fortuna subiu mais de US$ 110 bi, chegando a quase US$ 405 bi. Mas a montanha-russa continua – e isso faz parte da vida de quem tem grande parte da riqueza atrelada a ações.

Além da Oracle, Ellison possui quase metade da Paramount Skydance, um conglomerado de mídia que recentemente fez uma oferta para comprar a Warner Bros. Discovery. Ele também vive na ilha havaiana de Lanai, que comprou quase integralmente em 2012 por US$ 300 mi.

Essas diversificações podem servir como um “colchão” caso a Oracle enfrente mais turbulência. Ainda assim, a maior parte do seu patrimônio permanece ligada à performance da empresa de software.

Conclusão: lições para o leitor

O caso de Larry Ellison nos lembra que, mesmo no topo da pirâmide de riqueza, ninguém está imune às oscilações do mercado. Para nós, a mensagem principal é observar como as grandes decisões de investimento – especialmente em áreas emergentes como IA – podem gerar efeitos cascata em toda a economia.

Se você tem interesse em tecnologia, vale ficar de olho nas estratégias de empresas como Oracle, Microsoft e Amazon. Se investe em fundos de tecnologia, considere a diversificação para reduzir o risco de um único “gigante” mudar de direção.

E, por fim, lembre‑se de que a riqueza dos bilionários pode mudar de um dia para o outro, mas a tendência de longo prazo – a digitalização, a nuvem e a inteligência artificial – continua firme. Aproveite esse movimento para se atualizar, aprender novas habilidades e, quem sabe, encontrar seu próprio lugar nesse novo cenário.