Quando li que a SpaceX, empresa de foguetes do Elon Musk, está sendo avaliada em US$ 800 bilhões antes mesmo de abrir o capital, confesso que minha primeira reação foi de surpresa. Não é todo dia que vemos uma companhia de tecnologia alcançar cifras que antes pareciam reservadas a gigantes como Apple ou Microsoft. Mas, mais do que o número impressionante, o que realmente me intriga são as consequências práticas dessa movimentação para quem acompanha o mercado, para quem sonha em trabalhar com tecnologia espacial e, até mesmo, para quem mora aqui no Brasil.
Por que a SpaceX está definindo esse valor agora?
A decisão de estabelecer um valuation de US$ 800 bi vem acompanhada de uma oferta secundária de ações. Em termos simples, investidores – tanto novos quanto os que já têm participação – poderão comprar até US$ 2,56 bi em ações, cada uma custando US$ 421. Essa etapa é como um “ensaio” antes da grande estreia na bolsa, prevista para junho de 2026. Se tudo correr como esperado, a empresa pode subir para US$ 1,5 trilhão, o que colocaria o Elon Musk a um passo de se tornar o primeiro trilionário do mundo.
O que isso significa para o bolso dos investidores?
Para quem já acompanha o mercado de ações, a ideia de comprar ações de uma empresa que ainda não está listada pode parecer arriscada, mas também cheia de oportunidade. Se a SpaceX conseguir cumprir suas metas – mais lançamentos da Starship, expansão da constelação Starlink, construção de data centers de IA no espaço – o preço das ações pode disparar. Em um cenário otimista, quem adquirir ações a US$ 421 poderia ver seu investimento multiplicar em poucos anos.
- Risco: A empresa ainda não tem histórico de IPO, então a liquidez das ações será limitada até que a oferta pública aconteça.
- Potencial de retorno: O mercado costuma premiar empresas com tecnologia disruptiva e barreiras de entrada altas, como a SpaceX.
- Diversificação: Para quem tem carteira concentrada em ações de tecnologia tradicional, incluir uma empresa de exploração espacial pode equilibrar o portfólio.
Impactos além das finanças
O efeito cascata dessa avaliação vai muito além dos números. Primeiro, ela reforça a ideia de que a indústria espacial está se tornando parte do cotidiano econômico, não mais um nicho de governos ou grandes conglomerados. Segundo, a expectativa de levantar bilhões na IPO pode acelerar projetos que, até agora, pareciam futurísticos:
- Starship: Mais voos, mais testes, e, quem sabe, o início de missões comerciais para a Lua ou Marte.
- Starlink: Expansão da internet via satélite, levando conectividade de alta velocidade a regiões remotas – inclusive ao interior do Brasil.
- Data centers no espaço: A ideia de hospedar servidores em órbita pode reduzir latência para aplicações de IA e realidade aumentada.
Como isso afeta o Brasil?
Embora a SpaceX seja uma empresa americana, seus projetos têm repercussões globais. O Starlink, por exemplo, já está em fase de testes no país e promete melhorar a conectividade em áreas rurais onde a internet ainda é precária. Além disso, a possibilidade de parcerias com empresas brasileiras para desenvolvimento de componentes de foguetes ou de software de controle pode gerar empregos altamente qualificados.
Para quem está estudando engenharia aeroespacial, ciência de dados ou até mesmo negócios internacionais, a ascensão da SpaceX abre portas: está surgindo um mercado de fornecedores, consultorias e startups que querem se inserir na cadeia de valor espacial.
Desafios e incertezas
Nem tudo são flores. A empresa ainda enfrenta questões regulatórias, principalmente relacionadas ao tráfego orbital e ao uso de frequências de rádio. Além disso, a concorrência está aquecendo: a Blue Origin, a Rocket Lab e até a agência espacial europeia estão investindo pesado. A própria Tesla, outra empresa de Musk, tem um plano de remuneração de até US$ 878 bi para o CEO, o que pode gerar críticas sobre a concentração de riqueza.
Outro ponto que me deixa pensativo é a dependência de um único visionário. Musk tem um histórico de decisões ousadas, mas também de declarações que podem mexer com o preço das ações de suas empresas. Investidores precisam avaliar se confiam no “carisma” de Musk ou nos fundamentos técnicos da SpaceX.
O que eu faria se quisesse entrar nessa?
Se eu fosse um investidor com algum capital disponível, minha estratégia seria cautelosa:
- Participar da oferta secundária apenas se eu tivesse acesso a informações detalhadas sobre a saúde financeira da empresa.
- Manter uma parte da carteira em ativos mais estáveis (ações de empresas consolidadas, fundos de renda fixa) para equilibrar o risco.
- Ficar de olho nas notícias sobre a data de IPO e nas metas que a SpaceX estabelece para a Starship e Starlink.
- Acompanhar o desenvolvimento de regulamentações internacionais, pois mudanças podem impactar diretamente o valuation.
Para quem não tem interesse em comprar ações, ainda há maneiras de se beneficiar: investir em empresas que fornecem componentes para a SpaceX, ou em fundos que focam em tecnologia aeroespacial.
Olhar para o futuro
Se a SpaceX alcançar a avaliação de US$ 1,5 trilhão, estaremos diante de um ponto de inflexão histórico. Não seria apenas mais uma empresa de tecnologia; seria a primeira a transformar o espaço em um ambiente comercial viável. Isso poderia abrir caminho para turismo espacial mais acessível, mineração de asteroides e, quem sabe, colonização lunar.
Para nós, leitores brasileiros, o grande takeaway é que o futuro está se aproximando mais rápido do que imaginamos. Seja como investidor, estudante ou entusiasta, vale a pena entender o que está acontecendo nos bastidores dessa IPO. Afinal, as decisões que Musk e sua equipe tomarem nos próximos anos vão moldar não só a indústria espacial, mas também a forma como nos conectamos, como trabalhamos e até como vemos o nosso lugar no universo.
E você, já pensou em como a expansão da SpaceX pode mudar a sua vida? Compartilhe nos comentários!




