Quando a gente lê que a SpaceX, empresa de foguetes do Elon Musk, está sendo avaliada em US$ 800 bilhões, a primeira reação costuma ser de surpresa. São números que parecem saídos de um filme de ficção científica, mas são reais, e estão sendo divulgados em uma carta aos acionistas da própria companhia. Neste post eu vou destrinchar o que está por trás desse valor, como a oferta secundária de ações funciona, o que muda quando a empresa abrir o capital em 2026 e, principalmente, por que isso pode ter impactos no nosso dia a dia, mesmo que a gente não seja um investidor de Wall Street.
Como chegamos a US$ 800 bilhões?
O número saiu de uma carta enviada pelo CFO da SpaceX, Bret Johnsen, à base de acionistas. Ele explicou que a empresa aprovou um acordo que permite que investidores – novos ou já existentes – comprem até US$ 2,56 bilhões em ações a US$ 421 cada. Essa operação secundária serve basicamente como um “aquecimento” antes da oferta pública inicial (IPO) prevista para junho de 2026.
Mas vale lembrar que a avaliação de US$ 800 bilhões ainda não é um preço de mercado definitivo; é uma estimativa baseada em projeções de receitas, contratos de lançamento, a expansão da rede de internet via satélite Starlink e o ambicioso programa da nave Starship. Se tudo correr como o plano, a empresa pode subir para US$ 1,5 trilhão até o momento da IPO, o que colocaria Elon Musk próximo do título de primeiro trilionário do planeta.
O que é uma oferta secundária de ações?
Para quem não está familiarizado com o jargão do mercado financeiro, vamos simplificar:
- Oferta secundária: não é a primeira vez que a empresa vende ações ao público. Em vez disso, são ações já existentes que os acionistas atuais (geralmente fundadores, executivos ou investidores de risco) decidem vender para levantar dinheiro.
- Preço fixo: neste caso, cada ação sai por US$ 421, o que dá uma ideia do valor que a empresa está atribuindo a si mesma.
- Objetivo: gerar capital para projetos futuros, como mais lançamentos da Starship, data centers em órbita e até a construção de uma base lunar.
É diferente de uma IPO, onde a empresa emite novas ações para captar recursos. Na oferta secundária, o dinheiro vai direto para os vendedores.
Por que a SpaceX quer abrir o capital?
Existem alguns motivos estratégicos que vão além de simplesmente “levantar dinheiro”.
- Visibilidade e credibilidade: estar listada em bolsa traz uma camada extra de transparência que pode facilitar parcerias governamentais e contratos corporativos.
- Valorização dos ativos: ao ter um preço de mercado definido, os acionistas podem usar suas ações como moeda de troca em negociações ou para garantir empréstimos.
- Financiamento de projetos ambiciosos: a SpaceX tem metas gigantescas – voos frequentes da Starship, internet global via Starlink, base lunar e missões a Marte. Tudo isso exige bilhões de dólares de investimento.
- Retenção de talentos: ações ou opções de compra de ações são um dos principais incentivos para atrair e manter engenheiros e cientistas de alto nível.
Além disso, a entrada na bolsa pode ser um passo importante para a própria Elon Musk, que tem uma fortuna atrelada a duas gigantes: SpaceX e Tesla. Se a avaliação da SpaceX subir como esperado, a soma dos seus ativos pode ultrapassar a marca de US$ 1 trilhão, colocando Musk no seleto clube dos trilionários.
Impactos para o leitor comum
Talvez você esteja se perguntando: “E eu, que não tenho ações da SpaceX, como isso me afeta?”. A resposta está nos efeitos colaterais que uma IPO de tal magnitude pode gerar.
- Internet mais rápida e barata: o Starlink já está em fase de expansão. Mais capital significa mais satélites, o que pode melhorar a cobertura em áreas remotas do Brasil, inclusive no interior de estados como Minas Gerais e Pará.
- Inovação em IA: a SpaceX pretende instalar data centers de inteligência artificial no espaço. Isso pode reduzir a latência de serviços de nuvem, beneficiando startups brasileiras que dependem de IA em tempo real.
- Novos empregos: a construção de infraestruturas lunares e a operação da Starship demandarão milhares de profissionais, desde engenheiros aeroespaciais até técnicos de manutenção. Algumas dessas vagas podem surgir em centros de pesquisa no Brasil.
- Mercado financeiro: a entrada da SpaceX na bolsa pode criar novas oportunidades de investimento para fundos de pensão, corretoras e investidores individuais que buscam diversificar suas carteiras com ativos de alta tecnologia.
Em resumo, mesmo que você não compre ações da SpaceX hoje, a cadeia de efeitos pode melhorar a conectividade, gerar empregos qualificados e abrir novos caminhos de investimento.
Riscos e controvérsias
Nem tudo são flores. Uma avaliação de US$ 800 bilhões ainda é baseada em projeções otimistas. Alguns pontos críticos que vale a pena observar:
- Regulamentação: a SpaceX depende de licenças de agências como a FCC (nos EUA) e da Anatel (no Brasil) para operar o Starlink. Mudanças regulatórias podem frear a expansão.
- Concorrência: empresas como a Amazon (Projeto Kuiper) e a OneWeb também estão investindo em constelações de satélites. A disputa por frequência e órbita pode aumentar os custos.
- Viabilidade da Starship: apesar dos testes bem-sucedidos, ainda não há voos regulares de carga ou tripulação. Qualquer atraso pode impactar a projeção de receitas.
- Volatilidade do mercado: o preço das ações pode oscilar bastante nos primeiros meses após a IPO, o que pode gerar perdas para investidores menos experientes.
Esses riscos são parte do pacote ao investir em tecnologia de ponta, mas é importante ter clareza antes de colocar dinheiro em jogo.
O que esperar da IPO em 2026?
Embora a data exata ainda seja incerta, a Reuters indica que a SpaceX pretende abrir o capital em junho de 2026. Se tudo correr bem, a empresa pode levantar bilhões de dólares, que serão direcionados para:
- Incrementar a frequência de voos da Starship, possibilitando lançamentos quase diários.
- Construir data centers de IA em órbita, reduzindo a latência de serviços críticos.
- Desenvolver a primeira base lunar comercial, com potencial para mineração de recursos.
- Ampliar a constelação Starlink, levando internet de alta velocidade a regiões ainda desconectadas.
Essas metas são ambiciosas, mas se a SpaceX conseguir cumpri-las, o impacto econômico pode ser comparável ao que a internet teve na década de 1990 – só que em escala espacial.
Como acompanhar a evolução?
Se você quer ficar de olho nas novidades, aqui vão algumas dicas práticas:
- Assine newsletters de sites especializados como SpaceNews ou TechCrunch.
- Confira os relatórios trimestrais da SpaceX (quando forem publicados) – eles costumam trazer números de lançamentos, receita do Starlink e progresso da Starship.
- Use aplicativos de monitoramento de mercado, como o Yahoo Finance, para receber alertas quando a empresa abrir o capital.
- Participe de grupos de discussão sobre tecnologia e investimento – muitas vezes surgem análises de especialistas que ajudam a entender o panorama.
Estar informado pode ser a diferença entre aproveitar oportunidades e perder o bonde.
Conclusão
A SpaceX está se preparando para dar um passo gigantesco ao abrir seu capital, e a avaliação de US$ 800 bilhões é apenas a primeira pista de um futuro ainda mais impressionante. Para nós, brasileiros, isso pode significar internet mais acessível, novos empregos de alta tecnologia e até a chance de investir em uma das empresas mais inovadoras do planeta.
Mas, como todo grande projeto, há riscos. Regulamentação, concorrência e os desafios técnicos da Starship podem mudar o jogo. O importante é acompanhar de perto, entender as implicações e, quem sabe, considerar a SpaceX como parte da sua estratégia de investimento a longo prazo.
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