Quando a Coca‑Cola anunciou que Henrique Braun será o próximo CEO global, a notícia percorreu as redes como um bom gole de refrigerante gelado num dia quente. Não é todo dia que vemos um brasileiro à frente da maior empresa de bebidas do planeta. E, mais do que isso, a trajetória de Braun mostra como experiência, adaptabilidade e um toque de brasilidade podem abrir portas em qualquer canto do mundo.
Quem é Henrique Braun?
Henrique Braun tem uma história que parece ter sido escrita para um filme corporativo. Nascido na Califórnia, mas criado nas terras brasileiras, ele carrega a dupla nacionalidade como quem tem duas casas: uma nos EUA e outra no Brasil. Formado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), ele ainda aprofundou os estudos com um mestrado em ciência na Michigan State University e um MBA na Georgia State University.
Mas diplomas são apenas a primeira camada. O que realmente diferencia Braun é a prática – quase três décadas dentro da Coca‑Cola, passando por quase todas as áreas que mantêm a gigante das bebidas funcionando:
- Operações: de linhas de produção a logística global.
- Marketing: campanhas que vendem não só o produto, mas um estilo de vida.
- Inovação: desenvolvimento de novas fórmulas e embalagens sustentáveis.
- Supply Chain: gestão de fornecedores e engarrafadores em diferentes continentes.
Um percurso global
Começou em 1996 como trainee na Engenharia Global, em Atlanta. De lá, a carreira foi um verdadeiro tour de força:
- 2013‑2016 – liderou a operação da Coca‑Cola na Grande China e Coreia do Sul, mercados que exigem adaptação cultural e velocidade de execução.
- 2016‑2020 – presidiu a Coca‑Cola Brasil, período em que a empresa reforçou seu portfólio de bebidas sem açúcar e investiu em iniciativas de sustentabilidade.
- 2020‑2022 – comandou a Coca‑Cola América Latina, coordenando estratégias para mais de 20 países.
- 2024 – eleito vice‑presidente executivo (EVP) e, em 2025, diretor de operações (COO), posição que lhe deu o controle de todos os mercados globais.
Essa bagagem internacional não é só um currículo bonito; ela trouxe lições valiosas sobre como consumidores mudam, como cadeias de suprimentos se adaptam a crises e como a concorrência se reinventa a cada nova tendência.
O que isso significa para nós, brasileiros?
Para quem acompanha o mercado de trabalho no Brasil, a nomeação de Braun tem três impactos claros:
- Visibilidade internacional: demonstra que profissionais brasileiros podem chegar ao topo de corporações globais, contanto que invistam em formação e experiência internacional.
- Inspiração para jovens: estudantes de engenharia, administração ou marketing podem ver no percurso de Braun um caminho possível – começar como trainee, aceitar desafios fora do país e buscar especializações.
- Potencial de negócios: com um brasileiro no comando, pode haver mais foco em mercados emergentes, incluindo o Brasil, o que pode abrir portas para fornecedores locais e projetos de inovação.
Desafios que o novo CEO terá que enfrentar
Não é só festa. Braun chega num momento em que a Coca‑Cola está passando por transformações profundas:
- Redução de açúcar: consumidores exigem opções mais saudáveis. A empresa tem investido em bebidas zero e low‑calorie, mas ainda precisa equilibrar sabor e saúde.
- Sustentabilidade: embalagens de plástico ainda são alvo de críticas. A meta de 100% de reciclagem até 2030 está em andamento, mas a pressão pública aumenta.
- Concorrência: marcas como Pepsi, Red Bull e até startups de bebidas artesanais estão ganhando espaço, especialmente entre os jovens.
- Logística pós‑pandemia: interrupções na cadeia de suprimentos ainda afetam a produção e distribuição em algumas regiões.
Braun já sinalizou que vai “continuar o impulso” e “trabalhar em parceria com os engarrafadores”. Isso sugere que ele pretende reforçar o modelo de negócios baseado em parcerias locais, algo que pode trazer mais agilidade e adaptação ao mercado.
O que podemos esperar nos próximos anos?
Algumas apostas que podem surgir sob sua liderança:
- Expansão de portfólio: mais bebidas à base de plantas, cafés premium e águas com sabores naturais.
- Inovações de embalagem: garrafas de PET 100% reciclado, latas de alumínio mais leves e talvez até retornáveis em mercados estratégicos.
- Digitalização: uso de dados para personalizar campanhas, melhorar a previsão de demanda e otimizar rotas de entrega.
- Investimento em startups: parcerias ou aquisições de empresas que já estão disruptando o setor de bebidas.
Conclusão – Por que isso importa?
Ver um brasileiro assumir a presidência mundial da Coca‑Cola vai além de um título bonito no LinkedIn. É um sinal de que o talento nacional, quando combinado com experiência internacional e formação sólida, pode competir no mais alto nível. Para quem está construindo a própria carreira, a história de Braun serve de mapa: estudar, aceitar desafios fora da zona de conforto e manter o foco em resultados.
Para o mercado brasileiro, a esperança é que essa nova liderança traga ainda mais atenção ao nosso país, gerando investimentos, parcerias e, quem sabe, novas oportunidades de emprego. E, no fundo, nos lembra que, assim como a Coca‑Cola se reinventou ao longo de mais de um século, nós também podemos nos reinventar a cada passo da nossa jornada profissional.
Fique de olho nas próximas decisões de Braun. Se ele conseguir equilibrar crescimento, inovação e responsabilidade social, a história da Coca‑Cola pode ganhar um novo capítulo – e o Brasil pode estar bem no centro desse enredo.




