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Ventania que parou o céu: como os fortes ventos afetaram voos e o que você pode fazer

Ventania que parou o céu: como os fortes ventos afetaram voos e o que você pode fazer

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Na manhã de quarta‑feira (10), o Brasil acordou com ventos que pareciam ter saído de um filme de ação. Em São Paulo e Santa Catarina, as rajadas chegaram a quase 100 km/h, provocando uma reação em cadeia que acabou cancelando e atrasando centenas de voos em todo o país. Se você já ficou esperando no saguão, viu o painel piscando ou teve que mudar de plano, sabe o quanto isso pode ser frustrante. Mas, além da dor de cabeça, esse episódio traz lições importantes sobre como se preparar para imprevistos climáticos quando dependemos do transporte aéreo.

O que aconteceu nos principais aeroportos?

  • Congonhas (São Paulo): 167 voos cancelados até as 19h – 80 chegadas e 87 partidas.
  • Guarulhos (São Paulo): 31 voos de chegada desviados para outros aeroportos.
  • Santos Dumont (Rio de Janeiro): 38 cancelamentos (22 chegadas e 16 partidas).
  • Confins (Belo Horizonte): 11 voos cancelados.
  • Afonso Pena (Curitiba, PR): 4 voos com destino a São Paulo cancelados.
  • Brasília: 11 cancelamentos e 8 atrasos superiores a 15 minutos.
  • Campo Grande (MS): 1 cancelamento e 3 atrasos.
  • Florianópolis (SC): 12 cancelamentos e 8 atrasos.
  • Chapecó (SC): 3 voos não conseguiram aterrissar.
  • Porto Alegre (RS): atrasos e cancelamentos ao longo da tarde.
  • Vitória (ES): 8 cancelamentos e 8 atrasos.
  • Natal (RN): 14 voos atrasados.
  • São José do Rio Preto (SP): 4 cancelamentos e 3 atrasos.
  • Goiânia (GO): 14 cancelamentos.

Por que o vento atrapalha tanto?

Os aviões são máquinas sensíveis a condições atmosféricas. Quando o vento ultrapassa certos limites, o piloto pode perder controle ao decolar ou pousar, e as torres de controle precisam garantir espaçamento maior entre as aeronaves. No caso de São Paulo, o Inmet registrou rajadas de até 98 km/h, quase o dobro do que costuma ser considerado seguro para operações em aeroportos urbanos como Congonhas, que tem pistas curtas e muito movimento.

Além da força, a direção do vento também importa. Se o vento sopra de lado (chamado de “crosswind”), o pouso fica ainda mais arriscado, exigindo manobras que nem todas as aeronaves conseguem executar com segurança.

Como isso afeta o passageiro?

Quando um voo é cancelado ou atrasado, o impacto vai muito além do desconforto no aeroporto:

  1. Perda de tempo e dinheiro: Você pode precisar pagar por refeições, transporte extra ou até reacomodar hotéis.
  2. Compromissos perdidos: Reuniões de negócios, eventos familiares ou conexões internacionais podem ser comprometidos.
  3. Estresse emocional: A incerteza gera ansiedade, principalmente quando há crianças ou idosos no grupo.

Mas a legislação brasileira protege o passageiro. O Código de Defesa do Consumidor, aliado à Resolução 400 da ANAC, garante direitos como reacomodação, reembolso integral e, em alguns casos, indenização por danos morais.

O que fazer na prática se o seu voo for afetado?

  • Cheque o status antes de sair de casa: Use os aplicativos das companhias aéreas ou sites como FlightAware.
  • Dirija-se ao balcão da companhia assim que souber do problema – quanto antes, maiores são as opções de reacomodação.
  • Exija seus direitos: Peça reembolso ou novo voo sem custos adicionais. Se houver despesas extras, guarde os comprovantes.
  • Fique atento ao prazo: O reembolso deve ser feito em até 7 dias úteis; se não acontecer, registre reclamação na ANAC ou no Procon.
  • Considere seguros de viagem: Muitos cobrem atrasos e cancelamentos, aliviando o bolso.

Impactos econômicos e operacionais

Além do incômodo ao passageiro, os aeroportos e companhias aéreas sentem o peso desses eventos:

  • Perda de receita: Cada voo cancelado significa menos passageiros pagando tarifas.
  • Custos operacionais: Desvio de aeronaves, combustível extra e horas de tripulação aumentam as despesas.
  • Reputação: Repetidos cancelamentos podem afastar clientes que buscam mais confiabilidade.

Para mitigar esses riscos, muitas companhias investem em tecnologias de previsão meteorológica mais precisas e em treinamento de pilotos para operar em condições adversas. No entanto, quando o clima se torna extremo, a segurança sempre vem primeiro.

Um panorama do clima brasileiro e a tendência de eventos extremos

O Brasil tem sido cada vez mais afetado por fenômenos climáticos intensos – desde ciclones extratropicais que chegam ao sul até ondas de calor no centro‑oeste. Estudos apontam que a mudança climática pode aumentar a frequência e a intensidade de ventos fortes, especialmente nas regiões costeiras.

Isso significa que episódios como o da quarta‑feira podem se tornar mais comuns. Para quem viaja regularmente, vale a pena adotar uma postura preventiva:

  1. Planejar margens de segurança nas reservas (chegar ao aeroporto com antecedência maior).
  2. Preferir voos com escalas curtas ou em aeroportos menos suscetíveis a restrições climáticas.
  3. Manter um plano B – como rotas alternativas ou até mesmo considerar o uso de transporte terrestre quando a distância permitir.

Conclusão: transformar o transtorno em aprendizado

Os ventos de 98 km/h que pararam Congonhas e derrubaram árvores no Rio de Janeiro foram, sem dúvidas, um incômodo para milhares de viajantes. Mas, ao entender por que isso aconteceu, quais são os seus direitos e como se preparar para o próximo evento, você transforma um dia de frustração em uma oportunidade de estar mais bem informado.

Da próxima vez que o painel de voos piscar vermelho, lembre‑se de checar suas opções, exigir o que a lei garante e, se possível, ter um plano alternativo. Afinal, viajar é parte da vida, e estar preparado faz toda a diferença.

Fique de olho nas previsões, siga as companhias nas redes sociais e, se precisar, conte com o apoio da ANAC. Boa viagem – e que os ventos soprem a seu favor!