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Soja e amendoim: como a China virou a maior compradora brasileira em plena guerra comercial

Soja e amendoim: como a China virou a maior compradora brasileira em plena guerra comercial

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Um recorde que surpreende

Quando a gente acorda e dá uma olhada nas notícias de economia, costuma aparecer aquele papo de guerra comercial entre Estados Unidos e China. Mas, no meio desse barulho todo, tem uma história bem mais positiva para o Brasil: batemos recorde nas exportações de soja e amendoim para a China em 2025.

Do que se trata esse recorde?

Os números são impressionantes. De janeiro a novembro, exportamos 80,9 milhões de toneladas de soja para a China. O recorde anterior, de 2023, era de 75,5 milhões. Já o amendoim chegou a 63 mil toneladas no mesmo período – um salto de mais de 2.600% em relação aos dois anos anteriores somados.

Por que a China está comprando tanto agora?

O principal motivo, segundo especialistas da Abex‑BR, é a própria guerra comercial. Quando os EUA impuseram tarifas mais altas ao amendoim chinês, a China precisou buscar alternativas. Antes, ela importava cerca de 300 mil toneladas por ano dos EUA, principalmente amendoim com casca para produzir óleo. De repente, o Brasil apareceu como fornecedor confiável e barato.

O que isso significa para o produtor brasileiro?

  • Mais segurança de mercado: saber que quase 80% da produção de soja e a maior parte do amendoim vão para um único comprador reduz a volatilidade.
  • Preços mais estáveis: a demanda chinesa tem mantido os preços acima da média histórica, o que ajuda o caixa do agronegócio.
  • Investimento em tecnologia: com volumes maiores, faz sentido investir em maquinário mais moderno, melhorar a logística e reduzir perdas.

Mas nem tudo são flores

Concentrar tanto as exportações em um único destino tem seus riscos. Se, por algum motivo, a China decidir mudar de fornecedor ou se houver uma nova disputa tarifária, o impacto pode ser duro. Além disso, a dependência de um mercado tão grande pode deixar o Brasil vulnerável a flutuações cambiais.

O caso de Rio Verde (GO)

Um exemplo de como isso se traduz no chão de fábrica está em Rio Verde, no estado de Goiás. A região tem se destacado na produção de soja, graças ao clima favorável e ao uso de tecnologias de plantio de precisão. Os produtores locais contam que a demanda chinesa tem sido um incentivo para ampliar áreas plantadas e melhorar a qualidade da semente.

O futuro: sorgo e outras oportunidades

Olhando adiante, 2026 pode trazer outra novidade: a China pretende começar a importar sorgo brasileiro. O grão, usado em ração animal, na indústria alimentícia e até em bebidas, pode abrir um novo canal de exportação. O engenheiro agrônomo da Anec, Wallas Ferreira, explicou que a compra de sorgo dos EUA pela China caiu 90%, criando espaço para o Brasil.

Como você, consumidor ou pequeno produtor, pode se beneficiar?

Mesmo que você não esteja diretamente envolvido na exportação, esses movimentos afetam o preço dos alimentos no mercado interno. Quando a soja está em alta nas exportações, o preço da proteína vegetal costuma subir, o que pode refletir no custo de alimentos processados. Por outro lado, o aumento das receitas do agronegócio pode gerar mais investimentos em infraestrutura rural, melhorando o acesso a crédito e serviços.

Dicas práticas

  1. Fique de olho nos preços internacionais: acompanhe o cotação da soja e do amendoim em sites de notícias agro. Isso ajuda a planejar a safra.
  2. Diversifique sua produção: se você tem terra disponível, considere alternar entre soja, milho e sorgo. Isso reduz riscos de mercado.
  3. Invista em certificação: produtos com selo de origem ou rastreabilidade têm mais valor para compradores estrangeiros.
  4. Use a tecnologia a seu favor: aplicativos de monitoramento de clima e de manejo de pragas podem aumentar a produtividade e a qualidade.

Conclusão

O recorde de exportação de soja e amendoim para a China mostra como o Brasil pode transformar uma crise externa em oportunidade interna. A guerra comercial entre EUA e China acabou sendo o empurrão que faltava para que o nosso agro ganhasse ainda mais destaque no cenário global.

Mas, como tudo na vida, é preciso equilíbrio. Diversificar mercados, investir em tecnologia e manter a atenção nos preços internacionais são estratégias que podem garantir que esse sucesso se mantenha nos próximos anos. E, quem sabe, em 2026 a gente já esteja celebrando também o primeiro lote de sorgo brasileiro chegando aos portos chineses.