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Henrique Braun: O brasileiro que vai comandar a Coca‑Cola no mundo

Henrique Braun: O brasileiro que vai comandar a Coca‑Cola no mundo

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Quando ouvi a notícia de que a Coca‑Cola nomeou um brasileiro para ser o próximo CEO global, confesso que meu primeiro pensamento foi: “Sério?”. Não é todo dia que vemos alguém da nossa terra assumir o cargo mais alto de uma das marcas mais icônicas do planeta. Mas, ao olhar a trajetória de Henrique Braun, tudo faz sentido. Ele não chegou lá por acaso; foi uma combinação de experiência, visão estratégica e, claro, aquele toque de brasilidade que parece estar em alta nos corredores das multinacionais.

Um caminho que começou nos campos de arroz e acabou nos escritórios de Atlanta

Henrique nasceu na Califórnia, mas foi criado no Brasil, mais especificamente no estado do Rio de Janeiro. Formou‑se em Engenharia Agronômica na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), fez mestrado em ciência na Michigan State University e terminou com um MBA na Georgia State University. Essa bagagem acadêmica já mostrava um perfil internacional, pronto para atravessar fronteiras.

Em 1996, ele entrou na Coca‑Cola como trainee na área de Engenharia Global, em Atlanta. A partir daí, a jornada foi quase uma volta ao mundo: Estados Unidos, Europa, Ásia e América Latina. Cada parada trouxe um aprendizado diferente – de operações de fábrica a campanhas de marketing, de inovação de produto a gestão da cadeia de suprimentos.

Principais marcos da carreira

  • 2013‑2016: Liderou a operação da Coca‑Cola para a Grande China e Coreia do Sul – um mercado faminto por bebidas, mas também extremamente competitivo.
  • 2016‑2020: Presidiu a Coca‑Cola Brasil, período em que a empresa reforçou seu portfólio de produtos sem açúcar e investiu em campanhas de sustentabilidade.
  • 2020‑2022: CEO da Coca‑Cola América Latina, coordenando estratégias para mais de 20 países.
  • 2024‑2025: Vice‑presidente executivo (EVP) e, depois, Diretor de Operações (COO), posição que lhe deu responsabilidade sobre todos os mercados globais.

Esses cargos não são apenas títulos bonitos; eles mostram que Braun soube adaptar estratégias a contextos muito diferentes, algo essencial para quem vai liderar uma empresa presente em mais de 200 países.

O que isso significa para nós, brasileiros?

Primeiro, é um baita estímulo para quem sonha em trabalhar em multinacionais. O caminho de Henrique demonstra que, mesmo começando fora dos grandes centros financeiros, é possível chegar ao topo se você combinar formação sólida, mobilidade internacional e resultados concretos.

Segundo, a presença de um brasileiro na presidência da Coca‑Cola pode abrir portas para mais investimentos no Brasil. A empresa tem mostrado interesse crescente em produtos locais, como bebidas à base de açaí ou água de coco. Um CEO que entende a realidade do nosso mercado pode acelerar essas iniciativas.

E, por fim, há um aspecto cultural. Braun sempre destacou a importância da parceria com os engarrafadores – um modelo que, no Brasil, já funciona como uma rede de pequenas e médias empresas. Essa ênfase pode reforçar ainda mais a colaboração entre a Coca‑Cola e negócios locais.

Desafios que o novo CEO vai enfrentar

Não é só glamour. O mercado de bebidas está em plena transformação. Consumidores estão cada vez mais preocupados com saúde, sustentabilidade e transparência. A Coca‑Cola já começou a mudar o foco: menos açúcar, mais opções premium, aquisições em segmentos como café, água com gás e energéticos.

Mas ainda há muito a fazer:

  1. Reduzir o impacto ambiental: A empresa tem metas ambiciosas de reciclagem e uso de plástico reciclado, mas a pressão dos ativistas é constante.
  2. Inovar no portfólio: Bebidas funcionais, com ingredientes locais e benefícios à saúde, são tendências que podem definir o futuro.
  3. Competição acirrada: Marcas como PepsiCo, Nestlé e startups de bebidas artesanais estão ganhando espaço, especialmente entre os jovens.
  4. Logística pós‑pandemia: Problemas na cadeia de suprimentos ainda afetam a produção e a distribuição em várias regiões.

Henrique Braun já falou que vai “continuar o impulso que construímos com nosso sistema” e “desbloquear o crescimento futuro em parceria com nossos engarrafadores”. A frase pode soar clichê, mas indica que ele pretende aprofundar as relações já existentes, algo que costuma gerar resultados mais rápidos.

Como a experiência internacional pode influenciar decisões globais

Ter passado por mercados tão diferentes – da China à Europa, da América Latina ao Oriente Médio – dá a Braun uma visão holística. Ele sabe que uma campanha que funciona em Nova York pode não ter o mesmo efeito em São Paulo. Essa sensibilidade cultural pode ser crucial ao definir estratégias de marketing, lançamento de novos produtos e até mesmo políticas de preço.

Além disso, sua passagem pela área de desenvolvimento internacional, coordenando unidades que abrangem continentes inteiros, demonstra que ele entende a complexidade de alinhar metas globais com necessidades locais. Isso pode significar mais autonomia para filiais, algo que costuma ser bem recebido pelos gestores regionais.

O que esperar nos próximos anos?

Se tudo correr como o planejado, nos próximos cinco anos a Coca‑Cola deve reforçar três pilares:

  • Sustentabilidade: Metas de neutralidade de carbono, embalagens 100% recicláveis e redução de água na produção.
  • Portfólio diversificado: Mais opções sem açúcar, bebidas funcionais e expansão em segmentos adjacentes como café premium.
  • Parcerias locais: Fortalecimento da rede de engarrafadores, com investimentos em tecnologia e apoio a pequenos produtores.

Com Braun no comando, a expectativa é que essas iniciativas ganhem ainda mais velocidade, principalmente porque ele tem um histórico de transformar estratégias em resultados mensuráveis.

Conclusão – Por que isso importa para você?

Se você é estudante de administração, engenheiro, ou simplesmente alguém que acompanha notícias de negócios, a história de Henrique Braun serve de inspiração. Ela mostra que a combinação de formação técnica, experiência prática e disposição para mudar de país pode abrir portas inimagináveis.

Para quem está no mercado de trabalho, o recado é claro: desenvolva competências globais, aprenda a lidar com diferentes culturas e esteja pronto para assumir responsabilidades em áreas variadas. Não há mais espaço para quem se limita a uma única função.

E, claro, se você tem um negócio local, fique de olho nas possíveis parcerias com a Coca‑Cola. Um CEO que valoriza os engarrafadores pode ser um aliado estratégico para crescer junto com uma das marcas mais reconhecidas do planeta.

Enfim, Henrique Braun não é apenas mais um executivo no topo; ele representa a possibilidade de que o talento brasileiro pode, sim, liderar o mundo. E isso, para mim, é motivo de orgulho e, quem sabe, de motivação para a próxima geração de profissionais.