Se você acompanha as notícias econômicas, já deve ter visto a manchete: o salário mínimo vai subir para R$ 1.621 a partir de 2026. Parece uma boa notícia, né? Mas, como tudo que envolve dinheiro e política, há detalhes que valem a pena entender. Neste post eu vou explicar, de forma simples e direta, como esse aumento impacta o seu dia a dia, o PIS/Pasep, o INSS, o BPC, o seguro‑desemprego, o CadÚnico e até o trabalho intermitente.
Por que o salário mínimo sobe?
O governo anunciou que o reajuste será de 6,79%, resultando em R$ 103 a mais que o valor atual (R$ 1.518). A conta não é aleatória: metade vem da inflação medida pelo INPC (cerca de 4,4% até novembro) e a outra metade de um aumento real limitado a 2,5%, atrelado ao crescimento do PIB de 2024 (3,4%). O objetivo é garantir poder de compra sem descontrolar as contas públicas.
Quando o novo valor entra em vigor?
O ajuste será aplicado ao salário de janeiro de 2026, mas o trabalhador só verá a diferença no pagamento de fevereiro. Ou seja, o salário que você receberá em fevereiro já terá o novo piso de R$ 1.621.
Abono salarial PIS/Pasep
- O que é? Um benefício anual para quem trabalhou pelo menos 30 dias no ano‑base e recebeu até dois salários mínimos.
- Como muda? O valor do abono será calculado entre R$ 135,08 e R$ 1.621, de acordo com os meses trabalhados. Porém, a regra de quem tem direito ficará mais restrita: o limite de renda não será mais ajustado ao novo salário mínimo, permanecendo apenas corrigido pela inflação.
- Quando começa? O pagamento deve começar em 15 de fevereiro de 2026, após aprovação do calendário pelo Codefat.
Benefícios do INSS
- Aposentados que recebem o piso passarão a receber R$ 1.621.
- Outros benefícios (pensão, auxílio‑doença etc.) seguem a correção pelo INPC, que até novembro ficou em 4,18%.
- Impacto prático – um benefício maior abre margem para empréstimos consignados com juros menores.
Benefício de Prestação Continuada (BPC)
- Quem recebe? Idosos (65+) e pessoas com deficiência em situação de extrema pobreza.
- Valor novo será exatamente o salário mínimo: R$ 1.621, a partir de fevereiro de 2026.
- Critério de renda – a renda per capita deve ficar entre ¼ e ½ do salário mínimo. Com o aumento, isso passa a ser entre R$ 405,25 e R$ 810,50.
Seguro‑desemprego
O seguro‑desemprego tem uma regra clara: o benefício nunca pode ser inferior ao salário mínimo vigente. Assim, se o cálculo baseado no salário médio resultar em valor menor, o trabalhador receberá, no mínimo, R$ 1.621. Isso garante uma base mínima de proteção para quem perde o emprego sem justa causa.
Trabalho intermitente
- Salário‑hora – não pode ser inferior ao salário‑hora de referência, que agora será de aproximadamente R$ 7,37.
- Salário‑dia – o valor diário de referência sobe para cerca de R$ 54,03.
Cadastro Único (CadÚnico)
O CadÚnico serve para identificar famílias que podem acessar programas como Bolsa Família, vale‑gás e outros. Com o novo piso, a faixa de renda que permite a inscrição também aumenta:
- Renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa – agora até R$ 810,50.
- Famílias acima desse limite ainda podem ser cadastradas para benefícios específicos, mas não entram nas faixas de prioridade.
Seguro‑defeso
Esse benefício, pago aos pescadores artesanais durante o período de proibição da pesca, também será ajustado para R$ 1.621. O objetivo é garantir que o trabalhador do mar tenha renda mínima enquanto a espécie se reproduz.
O que isso significa para o seu planejamento financeiro?
Se você recebe salário mínimo, o aumento direto de R$ 103 pode parecer pouco, mas o efeito cascata nos benefícios compensa. Por exemplo, quem recebe o BPC terá um acréscimo de R$ 103, o que pode ser a diferença entre conseguir pagar a conta de luz ou não. Já quem depende do PIS/Pasep pode ver o abono subir bastante, dependendo dos meses trabalhados.
Para quem está pensando em abrir um negócio ou renegociar dívidas, vale observar que o aumento do piso também eleva o custo mínimo de contratação. Empregadores que pagam o salário mínimo terão que desembolsar mais, o que pode impactar a geração de vagas formais. Por outro lado, o aumento do consumo interno pode estimular a demanda por produtos e serviços.
Dicas práticas
- Atualize seu orçamento – inclua o novo salário e os possíveis reajustes de benefícios.
- Verifique seu direito ao PIS/Pasep – se você ganha até dois salários mínimos, confira se ainda tem elegibilidade após a mudança.
- Reveja seu cadastro no CadÚnico – caso a renda familiar tenha mudado, atualize os dados para não perder acesso a programas sociais.
- Planeje o seguro‑desemprego – se estiver em período de transição, saiba que o valor mínimo será o novo salário mínimo.
Olhar para o futuro
O salário mínimo de R$ 1.621 é apenas a primeira etapa de um plano que o governo pretende manter nos próximos anos. A ideia é alinhar a remuneração mínima ao crescimento real da economia, sem gerar inflação descontrolada. Se a economia continuar crescendo, podemos esperar novos ajustes nos próximos ciclos.
Enquanto isso, o que realmente importa é como cada um de nós usa essa informação. Seja ajustando o orçamento familiar, verificando direitos ou planejando investimentos, entender as mudanças ajuda a tomar decisões mais conscientes.
E você, já começou a rever seu planejamento com a nova previsão? Compartilhe nos comentários como pretende usar esse aumento a seu favor!




